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Cineasta iraniana retrata a essência de seu país

Sábado, 15 de março de 2003, 11h48

Rakhshan Bani-Etemad teve que esperar 17 anos e reescrever seu trabalho três vezes para conseguir que seu filme mais bem sucedido passasse pelos censores da Revolução Islâmica iraniana - e a maioria de seus documentários nunca chegou a ser exibida em seu próprio país.

Apesar de sua perseverança, ou quem sabe por causa dela, hoje Bani-Etemad é vista como a primeira-dama do cinema iraniano.

"Talvez seja uma especialização minha - encontrar a linguagem que me permite encontrar o caminho estreito que passa por meio das cercas da censura", disse a cineasta em entrevista em Los Angeles, sorrindo.

"Devo ter ficado mais esperta com a experiência. A primeira vez que escrevi o roteiro de Sob a pele da cidade, eu estava grávida de minha filha, Baran. O filme levou tanto tempo para ser feito que ela cresceu, estudou teatro e, aos 17 anos, atua no filme", contou à Reuters a diretora, de 48 anos.

Sob a pele da cidade, um drama familiar comovente que reflete as restrições culturais e políticas da sociedade urbana no Irã, não apenas conquistou o público de diversos festivais internacionais de cinema no último ano como também quebrou recordes de bilheteria no próprio Irã.

O filme será lançado comercialmente nos EUA neste mês. É o primeiro dos nove longas e nove documentários feitos por Bani-Etemad a ser tão amplamente aclamado.

A cineasta não tem aparência de revolucionária social. Mesmo fora do Irã, ela veste as roupas tradicionais - saias longas e túnicas de mangas longas - que satisfazem a exigência islâmica de que o corpo da mulher deve ficar coberto. Só dispensa o lenço na cabeça.

Nascida e criada em Teerã, onde iniciou sua carreira profissional na televisão, Bani-Etemad atribui o sucesso de Sob a pele da cidade em seu país ao retrato franco mas discreto que o filme pinta dos problemas sociais e econômicos decorrentes de mais de 20 anos de governo islâmico.

O filme gira em torno de uma mãe iraniana de classe média, com quatro filhos, e seus esforços para manter sua família unida mesmo diante de graves dificuldades, mas tendo como pano de fundo as eleições parlamentares de 1998, que trouxeram esperanças de reforma.

Como todos os trabalhos de Bani-Etemad, Sob a pele da cidade também desafia os tabus que cercam o amor, o sexo e o lugar das mulheres na república islâmica.

Reuters

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