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Cinema mexicano volta a brilhar em meio à crise

Sábado, 08 de março de 2003, 13h30

Meio século depois de sua época de ouro, o cinema mexicano voltou a brilhar com alguns sucessos de bilheteria e indicações ao Oscar. Mas a fama esconde uma realidade pouco glamourosa: o cinema do México está em crise.

Amores Brutos, E Sua Mãe Também e O Crime do Padre Amaro se converteram em exibições tradicionais em festivais internacionais de cinema, depois de décadas de ausência quase total de filmes mexicanos.

As três produções levaram milhões de cinéfilos aos cinemas dentro e fora do México. Ainda assim, mesmo que muitos pensem que esses filmes são mostra de uma indústria em expansão, só se produziram 13 filmes no país no ano passado.

Nos anos anteriores à "época de ouro" - de 1939 a 1945 -, o México produziu pouco mais de 30 filmes ao ano e logo alcançou uma média de entre 80 e 100 filmes.

A chama se apagou rapidamente até 1960, quando predominaram os filmes de cabaré e luta livre. "Pode parecer que o cinema mexicano está em um auge, que temos algo como 800 produções ao ano e todas muito boas, mas a triste realidade é que no ano passado batemos o recorde negativo de produção", disse o cineasta Carlos Cuarón à Reuters.

E Sua Mãe Também (de Cuarón) foi indicado ao Oscar de melhor roteiro original e O Crime do Padre Amaro recebeu uma indicação na categoria filme estrangeiro. "O maior risco é a miragem que estamos vivendo: crer que estamos no auge quando na realidade estamos na fossa", disse Cuarón.

DEFENDENDO O PRODUTO NACIONAL

Em 1998, o filme Sexo, pudor e lágrimas marcou o regresso do público mexicano às salas de cinema para assistir produções nacionais, competindo com filmes de Hollywood. "Com as indicações ao Oscar, agora sim todo mundo vai querer ver cinema mexicano", disse Pedro Armendáriz, porta-voz da Academia Mexicana de Artes e Ciências Cinematográficas.

"Há um enorme interesse e não temos produtos para oferecer agora, porque estamos na pior crise em muito tempo. É uma estupidez sem tamanho", disse Cuarón.

Para incentivar a produção, os cineastas defendem câmbios legais que controlem a promoção do cinema estrangeiro para dar preferência ao nacional, além de modificações na porcentagem de lucros entre produtores e distribuidoras.

Os produtores têm direito a 15 por cento da arrecadação da bilheterias, enquanto os exibidores ganham 60 por cento.

Recentemente, o Congresso mexicano aprovou uma lei que aumenta em um peso (11 centavos de dólar) o preço dos ingressos, que será revertido para um fundo de produção cinematográfica local. "Não podemos parar, este é o momento ideal. Agora os olhos do mundo estão voltados para o México e, se não fizermos filmes imediatamente, as mesmas pessoas vão se voltar para a China e para outras partes", disse Cuarón.

Reuters

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