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O filme provocou reações de indignação e asco quando foi exibido para os críticos, na quinta-feira pela noite. Vários deles deixaram o auditório antes do fim, e o filme foi descrito por alguns deles como "doentio", "gratuito" e "brutal".

Os jornais locais publicaram manchetes qualificando Irreversible de o escândalo do festival, e pelo menos um deles, o tablóide Aujourd'hui, exortou seus leitores a boicotarem o filme.

Mas o diretor, que se descreveu como "fetichista de imagens", disse que as reações são exageradas, e um de seus atores, o francês Vincent Cassel, disse que Cannes está apenas tentando criar um furor.

"Fiz um filme que gostei, e é só isso", falou o diretor durante entrevista coletiva à imprensa numa sala lotada, num clima às vezes acalorado, com guarda-costas protegendo as portas. "Se as pessoas quiserem falar em escândalo, é problema delas."

Cassel faz o papel de um homem alterado pelas drogas e decidido a vingar-se com violência de um cafetão pervertido que estuprou e desfigurou sua namorada, representada por sua mulher na vida real, a atriz Monica Bellucci.

O filme é inegavelmente chocante e perturbador. O roteiro consiste quase inteiramente de imprecações contra homossexuais e mulheres, e a cena em que Bellucci é violentada dura quase 10 minutos.

"O filme não é um crime - é sobre um crime", disse Bellucci. "Ele nos transporta para um mundo violento, um espaço do qual não conseguimos fugir."

Noe, por sua vez, ponderou: "Faz parte do conhecimento do homem conhecer e rejeitar a besta que existe dentro dele", acrescentando que não espera que os distribuidores americanos comprem o filme.