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"Acho que estamos assistindo ao início de uma nova onda latino-americana", disse Meirelles, cuja saga sombria Cidade de Deus está sendo exibida fora da competição no festival de cinema mais famoso do mundo. "É estranho - parece que Cannes ainda não se deu conta disso."

Aclamados pela crítica, os filmes mexicanos E Tua Mãe Também e Amores Brutos fortaleceram a imagem do cinema latino-americano no mundo e geraram curiosidade com relação à produção da região.

O jornal Hollywood Variety saudou Cidade de Deus como "odisséia do crime intransigente, tensa e fascinante", comparando o visual despojado e a estrutura narrativa do filme a Os Bons Companheiros, de Martin Scorsese.

Entretanto, embora o aclamado diretor brasileiro Walter Salles faça parte do júri em Cannes, nenhum filme latino-americano foi selecionado para concorrer à cobiçada Palma de Ouro.

"Estes novos filmes são muito modernos. É o jeito como estamos contando nossas histórias", disse Meirelles. "Talvez seja por isso que Cannes ainda não nos reconheceu: ainda esperam que façamos aqueles filmes latino-americanos antigos, mas há algo de novo chegando."

Barreira Linguística: Português x Espanhol

A produção cinematográfica brasileira, tradicionalmente modesta, deverá aumentar devido à aprovação, pelo governo, de novos impostos e tarifas sobre estúdios estrangeiros e programadoras de TV paga, verbas que serão direcionadas à produção nacional.

"Podemos esperar grandes surpresas no Brasil nos próximos três ou quatro anos", previu Meirelles, acrescentando que os outros países a serem observados são o México, Argentina, Chile e Uruguai.

O cinema brasileiro sempre teve dificuldade em alcançar o resto do continente devido à barreira linguística, mas até isso está começando a mudar, graças ao sucesso no exterior.

Além disso, começam a surgir colaborações técnicas e criativas em produções de cinema. Meirelles contou que Walter Salles, que produziu Cidade de Deus, está trabalhando num projeto com o jovem ator mexicano Gael Garcia Bernal.