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Madame Satã traz personagem contraditório e fascinante

Segunda, 20 de maio de 2002, 13h33

O filme Madame Satã, de Karim Ainouz, será apresentado nesta segunda-feira no Festival de Cannes, na mostra paralela Un Certain Regard. A obra conta a vida de João Francisco dos Santos, figura famosa da Lapa nos anos 30, que foi malandro, travesti, rainha do carnaval, presidiário e pai adotivo de sete crianças.

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É o segundo filme brasileiro a participar da edição 2002 do festival, presença louvada pela revista Le Film Française, que afirma "uma andorinha só não faz verão, mas duas sim", referindo-se ao também elogiado Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, já apresentado no evento.

Os grandes destaques da produção são o personagem fascinante e o panorama do Rio de Janeiro do anos 30. Assim como a cidade, João Francisco é feito de dualidades, às vezes violento outras terno, forte e frágil, artista e criminoso, interpretadas de forma magistral por Lázaro Ramos, um ator de excepcional sutileza.

Através dele, o diretor brasileiro ressuscita o Rio da época que se forjou a cultura de uma metrópole feita de misturas. Foi também neste período que o personagem realizou seu sonho de se tornar artista e cometeu seu primeiro crime.

Madame Satã conta uma parte marcante da vida de João Francisco dos Santos, que ganhou este apelido depois de ter vencido um concurso de carnaval, após sair da prisão, com uma fantasia inspirada no filme Madame Satã de Cecil B. de Mille.

"O que me interessou no personagem foi sua necessidade de liberdade. Acredito que estava a frente do seu tempo, é emblemático para sua época", declarou à AFP Karim Ainouz.

"No início do século XX, nos anos que seguiram a abolição da escravidão (1888), o Rio se tornou uma cidade muito cosmopolita, era um porto onde desembarcava gente do mundo inteiro e ao mesmo tempo era a cidade para a qual emigravam negros de todo Brasil depois da abolição. Nos anos 30, a cidade era um caldeirão cultural", explicou o diretor.

"Meu objetivo era descobrir que cultura era essa, queria entender qual é a identidade brasileira, quando se formou, como foi formada. Por isso me interessei por esse personagem e por esse momento da História do Brasil", acrescentou.

"A identidade brasileira vem se formando desde antes da chegada de Cristóvão Colombo e continua em formação ainda, mas acredito que nestes anos 30 há vários de seus traços que se consolidam e que é aqui que se formam os elementos de uma cultura brasileira urbana", disse.

Madame Satã é o primeiro longa-metragem de Sinouz e disputa o prêmio Câmera de Ouro, destinado às primeiras obras, independentemente da seção do Festival na qual são apresentadas.

AFP

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