Seguem-no nas preferências Vou para casa do decano dos cineastas, o português Manoel de Oliveira, e três filmes americanos, Shrek, desenho animado dos estúdios Dreamworks, Mulholland Drive de David Lynch e The man who wasn't there dos irmãos Coen.

Mas há aqueles que consideram que o belo filme Kandahar, do iraniano Moshen Makhmalbaf, e o pirandeliano Va savoir, do francês Jacques Rivette, merecem ganhar a palma de ouro, para a qual não tinha aparecido claramente um favorito até a exibição quinta-feira do filme de Moretti.

Quanto aos prêmios de interpretação, os nomes mais citados para melhor atriz são os de Isabelle Huppert por seu papel de neurótica masoquista em A Pianista, Laura Morante pela mãe em luto de La stanza del figlio e a jovem francesa Jeanne Balibar, por seu duplo trabalho (atriz que interpreta uma atriz) em Va savoir.

Porém, argumentam alguns, o júri pode optar por Nicole Kidman, estrela da abertura do festival com seu papel de "Traviata pop" no musical Moulin Rouge do australiano Baz Luhrmann.

Outros evocam inclusive a possibilidade de um prêmio dividido entre Naomi Watts e Laura Elena Harring de Mulholland Drive ou entre Emmanuelle Beart e Pascale Bussieres em La repetition da francesa Catherine Corsini.

Quanto ao prêmio de interpretação masculina, as preferências se dividem entre Leonid Mozgovoi, impressionante em sua composição de Lenin moribundo em Taurus de Alexandre Sokurov, Michel Piccoli, magistral intérprete do drama íntimo da velhice em Vou para Casa, e Jack Nicholson, que encarna um policial aposentado obsecado pela busca de um assassino em The pladge de Sean Penn.

Mas não poucos prognósticos vão para um jovem não-profissional, o italiano Stefano Cassetti, que interpreta com fascinante veracidade o Roberto Succo do diretor francês Cédric Kahn. Cita-se também Billy Bob Thornton por seu papel em papel em The man who wasn't there.

É preciso assinalar que estes prognósticos não levam em conta os filmes apresentados esta sexta-feira (La chambre des officiers do francês François Dupeyron e Desert Moon do japonês Aoyama Shinji) e amanhã sábado (Millennium Mambo do taiuanês Hou Hsiao Hsien e Agua tibia sob uma ponte vermelha do japonês Imamura Shohei).

Além do mais, muitos lembram que, embora ano passado a Palma de Ouro tivesse ido para o filme favorito dos prognósticos - Dancer in the dark de Lars Von Trier-, em 1999 Tudo sobre minha mãe de Pedro Almodóvar, para o qual todos esperavam o prêmio máximon, só obteve o de melhor direção. E ademais Rosetta de Luc e Jean-Pierre Dardenne, que levou a Palma de Ouro, tinha sido o último filme em competição a ser exibido.

Na coletiva que deram ao começar o festival, os dez membros do júri, começando pela presidente, a atriz e diretora norueguese Liv Ullmann, declararam que sua decisão se basearia "na emoção", e assim todas as possibilidades ficam abertas.