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Filme O Caso Pinochet é apresentado em seção paralela de Cannes

Quarta, 16 de maio de 2001, 10h59

Com O Caso Pinochet, o cineasta chileno Patricio Guzmán descreve com rigor e sensibilidade as circunstâncias que tornaram possível o processo judicial e a detenção do ex-ditador chileno, optando por um tom de testemunho da história que constitui o eixo de sua obra desde A Batalha do Chile.

Apresentado dentro da Semana Internacional da Crítica, seção paralela ao Festival de Cannes, o documentário de Guzmán mostra os testemunhos das vítimas que prestaram depoimento ante a justiça espanhola, descreve o trabalho da magistratura espanhola, a detenção do general Augusto Pinochet na Inglaterra e a batalha jurídica que se seguiu até seu retorno ao Chile.

Mas, ao mesmo tempo, é uma homenagem às vítimas de uma violência insuportável e que, na tragédia da história chilena, são mostradas como o coro guardião da memória coletiva.

"No Chile tudo foi documentado, coisa que, infelizmente, não ocorreu em outros países que viveram tragédias similares", explicou Guzmán à AFP. "Cada detido desaparecido tinha uma ficha, e cada executado tinha outra. Existia informação sobre cada vítima, existiam fotografias e testemunhas. Quando começou o processo na Espanha, era extraordinário para os advogados contar com uma documentação tão completa, e que era uma prova inconstestável", prosseguiu.

Dois países em um

Em relação à atual situação em seu país, o diretor estimou que o Chile é hoje "uma sociedade dividida, são dois países em um", como demonstrou a prisão de Pinochet. "E isto só será superado dentro de 30, 40 o 50 anos, talvez. Como foi o caso depois da Guerra Civil espanhola ou a última Guerra Mundial".

Especialista em documentários, indagado sobre a abundância deste gênero de filme este ano no Festival de Cannes, respondeu que esse tipo de obra é interessante para os produtores, mas, enquanto diretor, não considera esse o evento mais adequado.

"O documentário é a música de câmara do cinema", observou, explicando que Cannes é adequado para a ficção, grande e competitiva. "A música de câmara, a música mínima, requer um espaço menor", como os festivais de Florença ou Amsterdã, por exemplo.

AFP

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