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Mohsen Makhmalbaf denuncia destino trágico das afegãs em Kandahar

Sexta, 11 de maio de 2001, 16h51

Paralelamente ao desfile das estrelas sob os flashs e as câmaras no Festival de Cannes, Kandahar do iraniano Mohsen Makhmalbaf lembrou esta sexta-feira com força o destino trágico das afegãs, mulheres sem rostos, prisioneiras de seu véu integral.

Este grito de socorro pungente para dez milhões de afegãs, sobre imagens de uma beleza às vezes surrealista, é o candidato à Palma de Ouro mais aplaudido desde o início da competição, lançada por Nicole Kidman ao ritmo do french cancan do Moulin Rouge.

A milhares de léguas da Croisette, no deserto entre o Irã e o Afeganistão, Nafas, uma jovem jornalista afegã, refugiada no Canadá, tenta reencontrar sua irmã que ficou em Kandahar. Ela lhe escreveu uma carta desesperada, anunciando sua intenção de se suicidar no momento do eclipse do sol do ano 2000...

Nesta corrida perigosa contra a morte, Nafas tem três dias para chegar à cidade onde reside o mulá Omar, o chefe dos talibãs, milícia islamita no poder em Cabul. Para atravessar a fronteira, ela veste o tchadri, véu integral com uma espécie de grade no lugar dos olhos, e se faz passar pela quarta esposa de um refugiado que entra no Afeganistão...

"Hoje fala-se no mundo todo da destruição das estátuas de pedra de Budas e ninguém fala destas dez milhões de mulheres prisioneiras de seu tchadri", deplora Mohsen Makhmalbaf numa entrevista à reportegame. Se elas estivessem no lugar das estátuas, falar-se-ia delas. Os Budas não foram destruídos, eles se acabaram por causa da vergonha das mulheres".

"A situação no Afeganistão é realmente catastrófica para toda a população, frisa o diretor de Gabbeh. Há seca, fome, mas as mulheres são duplamente vítimas desta situação, devido a uma sociedade onde o homem tem todos os direitos enquanto elas não têm nenhum".

A história é real e inteiramente representada por não-profissionais. Nilufar Pazira (Nafas) "veio me ver no Irã depois de ter visto alguns de meus filmes no Canadá. Tinha recebido uma carta de uma de suas melhores amigas que ia se suicidar por causa da situação no Afeganistão. O que se vê na tela é a verdade de várias pessoas".

A beleza das imagens, trabalhadas como quadros, a harmonia das cores e a poesia das mensagens de esperança que Nafas grava para sua irmã contrastam com a brutalidade das situações filmadas ao longo deste calvário.

Se alguns filmes do cineasta estão proibidos no Irã, este logo foi liberado. No entanto, o que filma Mohsen Makhmalbaf é também uma advertência a algumas semanas das próximas eleições. "Os fundamentalistas iranianos querem fazer a mesma coisa que os talibãs. Sonham construir a mesma sociedade e eu os critico através deste filme."

AFP

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