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Os melhores filmes de
todos os tempos


Cidadão Kane é o grande vencedor

A mania de compor listas com os melhores filmes de todos os tempos não é nova. A primeira e mais importante contribuição a esse passatempo erudito surgiu lá por 1958, quando os belgas decidiram realizar um Festival Internacional de Cinema para acompanhar a feira mundial que se realizava em Bruxelas. Gente ligada ao cinema em todas as latitudes foi previamente questionada sobre quais eram os seus filmes mais importantes de todos os tempos. O Encouraçado Potemkin, de Serguei Eisenstein, saiu na frente, taco a taco com Cidadão Kane, de Orson Welles, e O Boulevard do Crime, de Marcel Carné. A partir de então, esses três filmes se revezam no primeiro posto das listas que foram criadas ao longo dos anos mundo afora.

As recentes listas de melhores filmes divulgadas pelo American Film Institute (AFI) – com os cem melhores filmes produzidos por Hollywood – e pelo British Film Institute (BFI) – mais abrangente, com as 360 produções internacionais mais importantes – vieram atiçar a curiosidade dos cinéfilos. A lista norte-americana foi o resultado de uma enquete da qual participaram 1,5mil nomes destacados da comunidade cinematográfica norte-americana, incluindo atores, diretores, técnicos, críticos, historiadores, executivos, exibidores e gente célebre, como o atual presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton. A base de votação foi uma pré-seleção de filmes com 400 títulos fundamentais garimpados pelo AFI.

Se a lista norte-americana funciona apenas como uma curiosidade – o novo diretor do AFI, Tom Pollock, foi quem teve a idéia –, a britânica tem um propósito mais nobre: descobrir quais os 360 filmes que deveriam constar do acervo das cinematecas do mundo inteiro para fechar a programação de um ano. Esse projeto remonta ao ano de 1995, em que o cinema cumpriu seu centenário. Naquela época, o BFI começou a publicar uma série de livros sobre os melhores filmes de todos os tempos comentados por críticos de cinema ou por escritores de prestígio. Alguns desses livros já foram editados no Brasil na coleção Clássicos do Cinema, da Rocco. O curador da lista é o arquivista e pesquisador David Meeker, que compilou todos os dados.

        No início dos anos 70, um propósito semelhante motivou a direção da Cinemateca Italiana. A comunidade cinematográfica do mundo inteiro foi consultada por carta, e o balanço resultou em uma lista de cem filmes fundamentais. O livro 100 Film da Guardare, editado pela Mondadori, publicou o resultado da enquete em que apareciam dois filmes brasileiros, Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos, que também está na lista do BFI, e Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha. A Cinemateca Francesa, em 1995,

Cinco razões que fazem Cidadão Kane aparecer em todas as listas:
1 – A revolucionária estrutura do oscarizado roteiro de Welles e Mankiewicz
2 – A composição fotográfica em claro-escuro, que leva às últimas conseqüências o estilo expressionista
3 – O efeito dramático obtido com o rebaixamento dos tetos do cenário
4 – O audacioso paralelo proposto entre o personagem Charles Foster Kane e o magnata da imprensa William Randolph Hearst
5 – A permanência do mistério que envolve a palavra Rosebud

consultou as bases do cinema francês para compor a lista das mais importantes produções rodadas no país. Foi a consagração de Marcel Carné com O Boulevard do Crime, votado como o melhor filme francês de todos os tempos.

No Brasil, na época da Embrafilme e da revista Filme Cultura, periodicamente eram realizadas pesquisas de opinião junto à classe cinematográfica para descobrir quais os melhores filmes de todos os tempos. Além dos citados Vidas Secas e Deus e o Diabo, duas obras do período mudo, Ganga Bruta, de Humberto Mauro, e Limite, de Mário Peixoto, eram os filmes que se revezavam nos primeiros postos. Hoje, seguramente, a lista sofreria várias alterações, já que alguns títulos do passado cinematográfico brasileiro estão quase esquecidos – porque são pouco vistos e se transformaram em peças de cinemateca. Em Porto Alegre, as três cinematecas existentes – Cinemateca Paulo Amorim, Cinemateca P.F. Gastal e Cinemateca Gaúcha – raras vezes cumprem sua função. Resta, portanto, para os aficionados e curiosos, o recurso menos nobre do vídeo. (Tuio Becker - Agência RBS).

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