Latam Mobility discute a descarbonização e o futuro dos carros elétricos
Evento online reuniu nomes de referência do meio, como Silvani Pereira, presidente do Metrô de São Paulo, Adalberto Maluf, da BYD, e Tiago Faierstin, da ABDI
Nomes de peso do setor de mobilidade, como Silvani Pereira (presidente do Metrô de São Paulo) e do mercado de carros elétricos no Brasil, como Adalberto Maluf (diretor da BYD e presidente da ABVE), fizeram parte do Latam Mobility Day Brasil, evento online realizado nesta quinta-feira (4).
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A ideia foi discutir, principalmente, a mobilidade sustentável como aliada da descarbonização no Brasil e, também, quais são as perspectivas para o mercado de veículos elétricos no Brasil, que vem crescendo, mas ainda está engatinhando quando comparado a outros países, como a China.
A preocupação ambiental foi o ponto comum nos dois painéis, e frases de efeito e alerta, como We can get smarter and cleaner (Nós podemos ser mais inteligentes e mais limpos) e There is not Planet B (Não há um Planeta B, adaptação do famoso jargão que cita um "Plano B" quando algo não vai bem), deram o tom.
Os participantes do painel discutiram também quais os problemas mais urgentes a serem resolvidos para que não apenas os carros elétricos, mas outras iniciativas voltadas para o bem-estar e para a preservação do meio-ambiente possam, enfim, emplacar no Brasil. E levantaram alguns pontos principais.
Falta de incentivo
A falta de incentivo governamental no Brasil foi o primeiro ponto levantado pelos palestrantes. Adalberto Maluf, diretor da BYD e presidente da ABVE, foi taxativo:
"Tem coisa boa acontecendo, em especial pelas lideranças das empresas, mas falta uma política pública mais consistente, uma integração, uma coordenação maior do governo federal, que tem esse papel de dar a visão de futuro e a importância da eletromobilidade. O Brasil é o único país dos grandes que não tem uma política pública de eletromobilidade", disparou.
Silvani Pereira, presidente do Metrô de São Paulo, concordou com a análise do diretor da BYD, mas foi além. Para ele, é necessário muito mais do que facilitar a vida de quem pensa em comprar um carro elétrico e abandonar o uso de veículos a combustão.
"Quando você constrói uma linha de metrô, muda o modelo de consumo. Altera a vida da região onde ela chega com hospitais, mercados e infraestrutura. Além disso, transportamos o equivalente a 33 faixas de carros, nos dois sentidos".
Combater mitos e fake news
Outro ponto importante levantado durante o painel foi em relação aos mitos e fake news que costumam aparecer quando o assunto são carros elétricos. Tiago Faierstin, gerente de novos negócios da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), citou que é proprietário de um carro elétrico, mas foi questionado sobre o vizinho se não teme ter um problema na bateria e, com isso, "perder" o veículo ou gastar milhares de reais na troca.
"As montadoras dão oito, às vezes dez anos de garantia nas baterias de carros elétricos, então essa história é uma inverdade. Já vi gente falando que tem que trocar a bateria a cada ano. É muito mito a respeito", admitiu.
Segundo Faierstin, o que falta é viabilizar modelos de negócios, não somente para carros elétricos, mas também para os movidos a hidrogênio, que também estão aparecendo aos poucos, mas em breve devem se tornar uma fatia significativa do mercado.
"Há um universo inexplorado em torno da eletromobilidade, e não apenas o carro elétrico. Quando se compra um carro elétrico tem que mudar seu mindset de vida. Esquecemos a ideia de esperar entrar na reserva para buscar um tanque de gasolina. Tem que ir ao mercado e carregar, adotar painéis solares caseiros. Mudar a cultura do brasileiro para se acostumar a usar carros elétricos e se preparar para veículos a hidrogênio".
Adalberto Maluf complementou a linha de raciocínio do colega de painel e também jogou por terra algumas pesquisas que apontaram que carros a combustão fariam mais mal (por conta da fabricação) ao meio-ambiente do que os elétricos.
Segundo o executivo, isso é algo feito por quem distorce os dados por "lobby" para as petroleiras. "Os mitos precisam ser combatidos, pois, na conta séria, o carro elétrico sempre ganha", concluiu.
André Maranhão, professor de Especialização em Engenharia Automotriz da USP, também deu sua pincelada sobre o assunto. Para o acadêmico, o mercado é promissor, e o fato de o market share ter subido de 0,4% a 2,3% nos últimos anos mostra isso. A barreira, segundo ele, é algo regional, pois o Brasil é muito grande e, por isso, demanda mais investimentos em infraestrutura.
Mesmo assim, elogiou o fato de todas as montadoras no País terem, ao menos, um carro elétrico em seu line-up. "As empresas estão lutando, lançando novos produtos elétricos, mas falta estratégia de longo prazo por parte do governo. Não há nada do ponto de vista governamental. Tudo é muito focado na iniciativa privada, concluiu".
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