Carro movido a energia nuclear e autonomia de 8 mil km? A Ford bem que tentou
O Ford Nucleon, projeto lançado pela montadora no final dos anos 1950, queria aproveitar o domínio deste tipo de energia, mas os perigos não o tornavam viável
A Ford é uma das maiores montadoras do mundo e sempre participou de projetos inovadores, como da Apollo 11, que levou o homem pela primeira vez à Lua, em 1969. Mas, mesmo em seu ramo de atividade, os automóveis, a empresa sempre tentou inovar, como no caso emblemático do Ford Nucleon, um carro movido a energia nuclear, mas que nunca saiu do papel. A pergunta é: por quê?
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Segundo os materiais da época do "anúncio", em 1959, o Ford Nucleon seria o carro dos sonhos para quem queria economizar combustível. Dependendo do núcleo utilizado para gerar energia, seria possível viajar 8 mil quilômetros com uma única cápsula, que trabalharia no interior do veículo por meio de um pequeno reator.
Especialistas consultados pelo pessoal do The Drive apontam que o problema não estaria na geração de energia em si, mas sim na dissipação do calor. Durante a reação nuclear, a transformação da energia térmica em mecânica, como já acontece com a gasolina, por exemplo, seria mais danosa às pessoas ao redor do carro.
Para dar conta de tamanha perda de calor, seriam necessários vários radiadores, algo que o porte do Ford Nucleon e seus materiais não conseguiriam suportar naquela época — e talvez nem hoje. Estamos falando de um carro com entre-eixos curto, mas com comprimento parecido com de uma picape média, como a Ford Ranger.
"Como o fluido de trabalho do reator nuclear não é exaurido, mas sim reciclado, como se fosse um ar condicionado, o calor residual deve ser despejado por meio de um ou mais radiadores. São todos esses outros elementos do sistema para lidar com a conversão de energia e descartar o calor residual que apresentam os desafios para o uso de um reator nuclear em um veículo pessoal", disse Dr. L. Dale Thomas, vice-diretor do Centro de Pesquisa de Propulsão da Universidade do Alabama em Huntsville, ao The Driver.
Atualmente, apenas submarinos e navios como porta-aviões suportam o uso de reatores nucleares para serem abastecidos. O motivo parece óbvio, não é? Estão na água.
O Ford Nucleon existiu de verdade?
Segundo historiadores, a Ford não chegou a montar protótipos para rodar com o Nucleon. Mas tinha alguns modelos em escala menor para mostrar com seria seu desenho. A julgar pela aparência, lembra bastante a do carro de corrida do desenho japonês Speed Racer, dos anos 1960.
Caso tivesse sido mesmo lançado ou testado, o Ford Nucleon poderia fazer viagens bem interessantes com apenas "um tanque". Seria possível, por exemplo, ir de São Paulo à Bogotá, capital da Colômbia.
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