Julho foi um bom mês para a indústria automobilística, segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). Com quase 219 mil veículos fabricados, julho foi o melhor mês na produção desde novembro de 2020. Além de ter registrado a melhor produção dos últimos 20 meses, a Anfavea também comemora o aumento das vendas diárias na casa de 8,7 mil veículos (contra 6 mil no início do ano).
O aumento de produção de 7,5% ocorreu apesar da paralisação de quatro fábricas, que somaram 49 dias sem produzir devido à falta de semicondutores. No ano, a Anfavea já contabiliza 24 paralisações de fábricas e 408 dias sem produção.
Nas vendas internas, o Brasil registrou crescimento de 2,2% em relação a junho. Foram 182 mil emplacamentos em julho contra 178 mil no mês anterior. O maior volume, como sempre, foi dos automóveis de passeio, com 135,4 mil, porém com o menor índice de crescimento (1,2%).
Segundo o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, 50 mil unidades desse volume foram vendas para locadoras. Ele mostrou preocupação com o fato de as vendas a prazo terem caído drasticamente. Em julho, as vendas diretas representaram 50% do volume (no ano é de 42%).
“Se o Brasil quer crescer nesse mercado, é fundamental o acesso ao crédito”, alertou, criticando a alta taxa de juros e os três IOFs que os consumidores pagam na compra de um carro financiado.
Lima Leite fez este alerta ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e afirmou que será preciso um crescimento linear de 13% para que a meta de 2,140 milhões de veículos seja cumprida em 2022. Segundo o presidente da Anfavea, "o consumidor da classe média está comprando menos". Veja abaixo os números fornecidos pela Anfavea no balanço mensal de julho.
SETOR | JULHO | JUNHO | VAR |
Total | 182.994 | 178.067 | +2,2% |
Veículos leves | 169.197 | 165.688 | +2,1% |
> Automóveis de passeio | 135.431 | 133.781 | +1,2% |
> Picapes, vans e furgões | 33.766 | 31.907 | +5,8% |
Caminhões | 33.766 | 31.907 | +5,3% |
Ônibus | 1.243 | 1.404 | -11,5% |
Produção | 218.950 | 203.598 | +7,5% |
Exportação | 41.906 | 47.315 | -11,4% |
Argentina afeta as exportações
Márcio de Lima Leite afirmou que a queda 11,4% nas exportações (5.409 veículos) foi resultado da crise na economia da Argentina. Segundo a Anfavea, em julho a Argentina teve -9,1% na produção, -21% nas vendas internas e -28% nas exportações.
“O que acontece no mercado argentino naturalmente impacta no mercado brasileiro, pois a Argentina é o maior importador e o maior exportador de carros para o Brasil”, disse Lima Leite.
No total, o Brasil exportou 288,2 mil autoveículos este ano. A média é de 41,7 mil veículos. No ano passado, o país exportou 376,4 mil veículos (média mensal de 31,3 mil unidades). O melhor ano durante o governo Bolsonaro foi 2019, com 433,5 mil veículos exportados (média de 36,2 mil). Se mantiver a média atual, a Anfavea conseguirá se aproximar de meio milhão de veículos exportados. A estimativa é de 496,7 mil veículos.
Redução de IPI
O presidente da Anfavea elogiou a inclusão dos automóveis de passageiros na nova etapa de redução do IPI, que passou de 18,5% para 24,75% sobre as alíquotas praticadas antes da primeira redução (março).
“Foi uma decisão sensata do governo federal, em especial do Ministério da Economia, no sentido de ataque ao custo Brasil e da busca de uma carga tributária mais compatível com a de outros países produtores de veículos”, disse Márcio de Lima Leite.