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Sítio fossilífero da Escócia é "Pedra de Roseta" das primeiras formas de vida

Com novas tecnologias em infravermelho, cientistas estão descobrindo segredos das primeiras formas de vida preservadas em sítio fossilífero incrível da Escócia

20 mar 2023 - 20h18
(atualizado às 23h06)
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Graças a novas tecnologias de análise, a ciência está descobrindo que uma já importante fonte de fósseis da Escócia, com 407 milhões de anos, é ainda mais valiosa para análises da origem da vida, provendo informações a nível molecular dos organismos do passado em melhores condições do que se pensava. O local fica na área rural do nordeste do país, na vila de Rhynie, e foi descoberto em 1912. As "digitais químicas" estavam mineralizadas e preservadas em cherte, um mineral endurecido feito de sílica com origem no período Devoniano.

Métodos não-destrutivos e aprendizado de máquina foram utilizados no estudo de restos fósseis coletados pelo Museus Nacionais da Escócia e as universidades de Aberdeen e Oxford, mas cuja análise mais profunda foi feita pela Universidade de Edimburgo. Os cientistas chamam a fonte escocesa de fósseis de "Pedra de Roseta" da vida antiga, já que, como a antiga pedra multi-linguística ajudou cientistas a desvendarem hieróglifos, a vida preservada poderá nos revelar os segredos das primeiras formas de vida do planeta.

Foto: Jpwilson/Domínio Público / Canaltech

Criaturas desconhecidas do passado

A técnica inovadora utilizada foi a espectroscopia FTIR, onde se emprega a luz infravermelha na coleção de dados em alta resolução. Informações moleculares incríveis puderam ser obtidas das células, tecidos e organismos preservados na rocha. Como já se sabia quais formas de vida os fósseis representavam, foi possível descobrir assinaturas moleculares que ajudam a distinguir, com eficiência, fungos, bactérias e outros grupos de organismo.

Essas assinaturas foram usadas para identificar alguns dos membros mais misteriosos do ecossistema de Rhynie — incluindo os enigmáticos nematófitos, criaturas tubulares extintas dos períodos Devoniano e Siluriano que só são achadas em sedimentos dessas épocas e trazem características tanto de fungos como de algas.

Por isso, era difícil classificá-las em qualquer das categorias. Com a nova tecnologia, se definiu que é improvável serem líquens ou fungos. Os dados coletados na pesquisa foram alimentados a um algoritmo de aprendizado de máquina se tornando então capaz de diferenciar organismos e melhorar o potencial de selecionar, com maior eficiência, dados coletados de outras rochas que contenham fósseis, especialmente os misteriosos.

Como o método é rápido e não-invasivo, ele representa uma oportunidade nova, única e mais profunda de estudarmos a diversidade da vida passada na Terra. Especialistas frisaram o valor de combinar ciências como a física e a química com a paleontologia, trazendo novos insights e tecnologias para analisar as primeiras formas de vida do nosso planeta.

Fonte: Nature Communications

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