Seca nos rios do Amazonas pode ser pior do que em 2023
Análises de institutos federais mostram que nível de rios amazônicos está menor neste ano do que no mesmo período do ano passado — há temor de seca recorde
A estiagem deste ano está deixando os rios da Amazônia brasileira mais secos do que em 2023, e, segundo a Defesa Civil do Amazonas, a estiagem pode afetar até 150 mil famílias no estado — os dados vêm do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, órgão federal que monitora as bacias hidrográficas do Norte.
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A estação chuvosa em grande parte da região amazônica vai de dezembro a maio, e, a partir de julho, é natural que o nível dos rios diminua, já que chega a estação sem chuvas, durando até setembro.
O problema é que, segundo o relatório publicado pelo INPA na última quarta-feira (26), só as bacias do Rio Branco e do Rio Negro estão com nível próximo do normal para esse período — 28 das 32 bacias da região estão com água abaixo da média, enquanto uma se encontra estável.
Seca recorde na Amazônia?
O que preocupa os cientistas do INPA é a recarga dos rios amazônicos, que, se comparada com as condições do mesmo período em 2023, está abaixo da média — alguns rios até mesmo mostram as medições mais baixas já vistas desde o ano 2000.
Vale lembrar que, no ano passado, uma seca severa atingiu o estado do Amazonas, quando o Rio Negro manauara chegou a 12,7 metros em outubro, menor medida de toda a história registrada. Os registros começaram há 120 anos.
Um dos aspectos que afetam o regime de chuvas é o El Niño, que se estendeu extraordinariamente até maio deste ano. Isso já deixou os cientistas preparados para uma seca maior — mesmo se as chuvas voltassem ao volume normal a partir de agora, o nível dos rios não chegaria na média considerada natural.
As águas do oceano Atlântico tropical norte também estão esquentando, como em 2023, outro aspecto que influencia na seca. Há um fenômeno com a capacidade de melhorar a situação, no entanto, apontam os pesquisadores: a La Niña, prevista para começar nos próximos meses.
Caso a La Niña tenha um início precoce, é possível que seus efeitos tragam chuvas mais intensas e recuperem os rios, mas, do contrário, as secas podem afetar severamente o norte. Especialistas não sabem dizer se será um fenômeno recorde novamente, mas a expectativa ainda é de muita estiagem.
A Defesa Civil amazônica estima que a época de seca chegue com 30 dias de antecedência, e está se preparando para a menor disponibilidade de água potável. Já foram instaladas 42 novas estações de tratamento de água neste ano, com previsão de mais 20 até setembro pela Companhia de Saneamento do Amazonas.
O envio de remédios, vacinas e insumos também foi antecipado para municípios localizados na calha de rios, evitando futuros problemas esperados com o transporte hidroviário. Esforços de dragagem de quatro trechos dos rios Amazonas e Solimões também estão sendo feitos pelo governo federal, melhorando as condições de navegação na região.
Fonte: Agência Brasil, INPA, Defesa Civil do Amazonas
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