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Perda do cromossomo Y pode ser causa dos homens viverem menos que as mulheres

Cientistas descobrem relação entre a perda do cromossomo Y com a idade, e problemas de coração como a fibrose, que reduzem a expectativa de vida dos homens

18 jul 2022 - 14h42
(atualizado às 15h54)
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Cientistas relatam ter encontrado uma das razões para que os homens vivam menos do que as mulheres: é a perda natural do cromossomo Y com a idade, que leva à cicatrização do tecido cardíaco e aumenta as chances de problemas de coração potencialmente fatais. Especialmente após os 60 anos de idade, os homens morrem mais rápido que as mulheres.

Foto: Choreograph/Envato Elements / Canaltech

Glóbulos brancos e cromossomos

Um ser humano saudável, sem síndromes ou doenças genéticas traz 23 pares de cromossomos. Destes, 22 são autossomos, ou seja, são os mesmos em homens e mulheres. O par restante é composto pelos cromossomos sexuais, sendo dois X para as mulheres e um X e um Y para os homens: à medida que envelhecem, eles tendem a perder o Y de algumas células, especialmente as que são substituídas com frequência, como as hemácias.

Embora estudos anteriores tenham sugerido alguma conexão entre a perda de cromossomos Y e doenças relacionadas à idade, a razão para isso ainda não havia sido encontrada. Esse novo estudo, publicado na revista científica Science, parece ter encontrado ao menos uma das respostas para o enigma cromossômico.

Através da edição genética CRISPR, os cientistas removeram o cromossomo Y das células do tutano dos ossos de camundongos machos. Com isso, verificou-se a produção de glóbulos brancos sem o Y, e alguns deles foram até o coração dos roedores, gerando uma rede de sinalização pró-fibrótica — o que levou à fibrose, ou seja, cicatrização do tecido cardíaco, reduzindo a função do órgão e condenando o animal a uma morte mais precoce.

A fibrose dos tecidos, segundo especialistas, é um dos marcos da idade, contribuindo para 45% das mortes em países industrializados. Muitas delas, segundo a nova pesquisa, podem estar relacionadas com a perda do cromossomo Y. Para checar como os humanos estão inclusos na questão, os pesquisadores analisaram dados do UK Biobank e notaram uma relação entre a perda do Y e índices mais altos de doenças cardíacas.

É possível tratar?

Tratados com anticorpos que bloqueiam as atividades dos glóbulos brancos, os ratos tiveram suas disfunções cardíacas aliviadas, o que abre a possibilidade de utilizar remédios contra a fibrose para garantir um envelhecimento saudável aos homens, mantendo algumas doenças do coração em cheque. Mais pesquisas, no entanto, serão necessárias para determinar se tais remédios, como a pirfenidona, realmente ajudarão a diminuir o impacto da perda do cromossomo Y.

A perda dos cromossomos é natural: os cientistas lembram que o DNA das nossas células passa por mutações à medida que envelhecemos, o que inclui a perda de cromossomos Y inteiros em grupos celulares masculinos. Como somos literalmente uma pilha de células em mutação, o processo é inevitável, mas podemos seguir entendendo como isso se relaciona com a idade e as doenças que ela traz.

Fonte: Science

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