Mulher é condenada a 34 anos de prisão na Arábia Saudita por tuitar
A punição ocorreu após a mulher, doutoranda na Universidade de Leeds, no Reino Unido, compartilhar posts favoráveis ao direito das mulheres de dirigir
Uma mulher de origem saudita foi condenada a 34 anos de prisão por republicar posts de ativistas em sua conta no Twitter. Salma al-Shehab é doutoranda na Universidade de Leeds, no Reino Unido, e foi detida em janeiro de 2021, quando voltou à Arábia Saudita para passar férias com a família.
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Ela teria sido punida por ter retuitado conteúdo de ativistas que falavam a favor do direito das mulheres dirigirem no país. Na Arábia Saudita, país com origem muçulmana, apenas homens podem conduzir veículos automotores. A família real saudita comanda a nação com firmeza, acusada até de perseguir e prender rivais.
A mulher tem apenas 2.597 seguidores no Twitter. Suas publicações recentes falam sobre o esgotamento causado pela covid-19 nas pessoas e fotos dos seus dois filhos pequenos e marido. Entre um e outro post pessoal, ela retuitava algumas mensagens de dissidentes sauditas, como o caso de Loujain al-Hathlou, presa e torturada por apoiar a igualdade de direitos para mulheres.
Segundo pessoas próximas, Sehab não era ativista nem tinha nenhum tipo de liderança em movimentos de direitos humanos. No Instagram, por exemplo, a mulher tem apenas 159 seguidores e se descreve como uma dentista, educadora e estudante de doutorado.
Al-Shehab foi condenada inicialmente a seis anos de cadeia por usar a sua rede social para "perturbar a ordem pública e desestabilizar a segurança do Estado". Na acusação estariam posts de ativistas sauditas que vivem no exílio e pedem a libertação de prisioneiros políticos do país.
Justiça nada justa na Arábia Saudita
Os promotores não ficaram satisfeitos e entraram com recurso sob a alegação de que a mulher havia descumprido as leis sauditas de crimes cibernéticos e antiterrorismo, o que causou a elevação da sentença para 34 anos. A decisão foi proferida no último dia 8 de agosto e ficou marcada por ser a mais severa já aplicada no país a um ativista dos direitos das mulheres, segundo a organização Freedom Initiative.
Quando a primeira condenação ocorreu, a mulher foi até mencionada em um editoral do jornal norte-americano The Washington Post. O veículo de comunicação criticou o governo local e classificou o ato como um "vislumbre do lado brutal da ditadura saudita sob seu príncipe herdeiro e chefe de Estado de fato, Mohammed bin Salman".
Vale lembrar que o príncipe foi acusado pelos serviços de inteligência dos EUA de ter encomendado pessoalmente o assassinato do jornalista saudita e colunista do Washington Post, Jamal Khashoggi. O repórter foi capturado quando estava em Istambul, na Turquia, levado para o consulado da Arábia Saudita no país e morto pouco tempo depois.
Mesmo com a repercussão do caso na mídia ocidental, nada aconteceu com o príncipe saudita. No país oriental, ativistas por direitos igualitários continuam a sofrer sanções pesadas pelo governo. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chegou a ser criticado por grupos de direitos humanos após uma viagem à Arábia Saudita, a qual foi classificada como "estratégica" para a negociação de recursos energéticos e rotas comerciais.
Fonte: Freedom Initiative, The Guardian
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