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Exposição ao frio dificulta o crescimento de tumores em humanos, segundo estudo

Estudo sueco mostra que o frio aumenta a produção de gordura marrom, cuja necessidade de glicose compete com o câncer e faz com que se desenvolva menos

10 ago 2022 - 16h30
(atualizado às 19h18)
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Cientistas do Instituto Karolinska, na Suécia, descobriram que as células cancerígenas crescem menos no frio, já que as baixas temperaturas promovem a gordura marrom no corpo, responsável por produzir calor corporal. Ao consumir os açúcares do corpo para sua proliferação, a gordura marrom sequestra a glicose necessária para a replicação dos tumores.

As células cancerosas precisam de altos níveis de glicose para seu crescimento: em temperaturas baixas, com a absorção da glicose sendo feita pelo tecido adiposo marrom, foram detectados poucos sinais desses açúcares nas células tumorais. Os experimentos principais foram realizados em camundongos, e um estudo sobre o achado foi publicado na revista Nature.

Foto: DC_Studio/Envato Elements / Canaltech

Frio, gordura e câncer

Nos exames, foram estudados diversos tipos de câncer nos roedores, como o colorretal e o de mama. Os animais que ficaram em ambientes climatizados a 4 °C tiveram um crescimento tumoral mais lento, vivendo quase o dobro dos camundongos alocados em locais a 30 °C.

Os cientistas também removeram a gordura marrom dos animais, observando que o efeito benéfico do frio some sem o tecido, e os tumores voltam a crescer no mesmo ritmo dos roedores de ambientes quentes. Alimentar os bichos com bebidas de alto teor de açúcar também inibiu a ação do frio e restaurou o crescimento tumoral. Limitar o suprimento de glicose, segundo os cientistas, é provavelmente um dos métodos mais importantes para a supressão de tumores.

Alguns humanos também passaram por testes para confirmar a hipótese: com tomografias por emissão de pósitrons (PET-CT), foram analisados 6 voluntários saudáveis e um paciente com câncer em processo de quimioterapia. Os adultos saudáveis expostos a um frio de 16 °C — vestindo shorts e camisetas — por 6 horas diárias por 2 semanas tiveram um aumento significativo na gordura marrom do pescoço, tórax e coluna.

O paciente com câncer vestiu roupas leves e ficou em salas a 22 °C por uma semana, e então em ambientes a 28 °C por 4 dias. Nas temperaturas mais baixas, foi detectado um aumento no tecido adiposo marrom, e uma diminuição na captação de glicose pelo tumor. O resultado anima os pesquisadores, que apostam em terapias de frio e ativação de gordura marrom por outros métodos, como medicamentos, representando mais uma arma contra a doença.

Fonte: Nature

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