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Estudo: mudanças climáticas podem agravar 58% das doenças infecciosas

O contato de humanos com milhares de agentes infecciosos, como a malária, deve se acentuar com o aquecimento global, segundo equipe internacional de cientistas

8 ago 2022 - 20h42
(atualizado em 9/8/2022 às 10h24)
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Uma equipe internacional de cientistas descobriu que até 58% das doenças infecciosas que atingem os humanos podem se agravar com os efeitos das mudanças climáticas. Isso significa que o contato com milhares de agentes infecciosos deve se acentuar e muitos destes patógenos podem sofrer mutações com a mudança do cenário global.

Publicado na revista científica Nature Climate Change, a revisão sistemática — investigação que compara resultados obtidos por outros estudos — sobre os efeitos da mudança climática na saúde foi liderado por pesquisadores da Universidade do Havaí, nos Estados Unidos, e da Universidade de Gotemburgo, na Suécia.

Foto: manfredxy/envato / Canaltech

"Das 375 doenças humanas [rastreadas no estudo], descobrimos que 218 delas — bem mais da metade — podem ser afetadas pelas mudanças climáticas", detalham os autores em artigo para a plataforma The Conversation.

Mudanças climáticas podem afetar a disseminação de doenças?

Para citar alguns exemplos de como as mudanças climáticas podem afetar a disseminação de doenças, a equipe de cientistas comenta que o maior número de enchentes pode provocar uma onda de casos de hepatite ou ainda de leptospirose. No Brasil, é comum observar o aumento das duas doenças após temporadas de fortes chuvas.

No outro extremo, regiões em que secas se tornam mais prolongadas ou em que grandes áreas são devastadas podem aproximar animais selvagens das populações humanas. Este contato pode favorecer diferentes tipos de zoonoses e até o surgimento de novas doenças.

Agora, o aumento médio das temperaturas pode favorecer a reprodução das diferentes espécies de mosquitos. Nessas circunstâncias, algumas doenças podem se disseminar mais facilmente, como malária, dengue, chikungunya e zika.

Como o estudo foi feito?

A equipe de pesquisidores começou o trabalho tendo como base mais de 77 mil artigos científicos. Desse total, 830 artigos incluíam fatores climáticos que afetavam a disseminação de pelo menos uma doença específica em um local e/ou tempo explícito. Com isso, foi possível criar um banco de dados de riscos climáticos, vias de transmissão, patógenos e doenças.

No total, foram estabelecidos 10 principais riscos relacionando mudanças climáticas, maior emissão de gás carbônico e impacto em doenças infecciosos que afetam humanos. A seguir, confira quais são:

  • Aquecimento atmosférico;
  • Ondas de calor;
  • Seca;
  • Incêndios florestais;
  • Fortes precipitações;
  • Inundações;
  • Tempestades;
  • Aumento do nível do mar;
  • Aquecimento dos oceanos;
  • Mudanças na cobertura da terra.

"O maior número de doenças agravadas pelas mudanças climáticas envolveu a transmissão vetorial [aquele que é feita por algum animal ou inseto], como as transmitidas por mosquitos, morcegos ou roedores. Olhando para o tipo de perigo climático, a maioria estava associada ao aquecimento atmosférico (160 doenças), precipitação intensa (122) e inundações (121)", detalham os cientistas.

Segundo os autores, as mudanças climáticas podem impactar diretamente mais de mil vias de transmissão de doenças. Diante deste cenário, "concluímos que esperar que as sociedades se adaptem, com sucesso, a todas elas não é uma opção realista. O mundo precisará reduzir as emissões de gases de efeito estufa que estão impulsionando as mudanças climáticas para reduzir esses riscos", completam os pesquisadores.

Fonte: Nature Climate Change The Conversation    

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