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Crítica Better Call Saul | Spin-off de Breaking Bad tem final impecável

A série se consagra como uma produção derivada de qualidade do começo ao fim, humanizando um personagem estranho e caricato com muito carisma

16 ago 2022 - 16h12
(atualizado às 17h18)
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"Então... você sempre foi assim", disse Walter White (Bryan Cranston) a Saul Goodman (Bob Odenkirk) no último episódio de Better Call Saul. A afirmação foi feita após um questionamento sobre arrependimentos e o que eles fariam se tivessem uma máquina do tempo.

A história de Jimmy McGill antes e depois de ter se tornado Saul Goodman, o famoso advogado de Breaking Bad, finalmente chegou ao fim após seis temporadas. A série conseguiu criar sua identidade própria, apesar de ser um spin-off, e encerrou suas atividades com maestria.

Atenção: esta crítica contém spoilers da temporada final de Better Call Saul!

Foto: AMC / Canaltech

Redenção

Em Better Call Saul, descobrimos que Jimmy McGill sempre viveu à sombra do irmão, Chuck (Michael McKean), e usou todas as oportunidades que teve para interesse próprio. A série derivada de Breaking Bad, portanto, conseguiu desvencilhar a identidade de um advogado caricato para um ser humano carismático, mas falho, com os defeitos mais comuns da sociedade e não necessariamente mau.

Jimmy, ou Saul, nunca sujou as mãos diretamente, mas suas decisões e seu talento inacreditável para a advocacia o levou a cometer diversos crimes. Alguns deles obtendo resultados drásticos, como a morte de pessoas inocentes. O personagem, no entanto, vale ressaltar, nunca foi ruim por natureza.

Ainda que não tenha demonstrado arrependimento por todos os seus crimes mostrados em Breaking Bad, o personagem sabia que a coisa certa a ser feita era se entregar e aceitar que deveria pagar pelos erros. Então, em um raro momento de altruísmo, Jimmy sacrificou o resto de sua vida para a única pessoa que, provavelmente, teve sentimentos verdadeiros por ele: Kim Wexler (Rhea Seehorn).

A decisão também foi feita em nome de Chuck, ainda que o irmão tenha sido indiretamente responsável pela construção de seu caráter. Jimmy entendeu que a sua reação às atitudes de Chuck contra ele não foi a melhor, mesmo sabendo que o irmão, talvez, nunca faria o mesmo por ele na mesma situação das cenas finais.

A representação do sentimento de Jimmy por Chuck aconteceu no último episódio, com Jimmy sendo atencioso com os problemas do irmão sem pedir nada em troca, afirmando que fazia isso simplesmente por serem família. A conexão com o debate sobre arrependimentos foi estrategicamente pontuada com um simples livro com "máquina do tempo" no título sendo retirado de uma bancada por Chuck. Mais uma vez, os roteiristas da série mostrando delicadeza ao contar toda essa história.

Kim Wexler, Nacho, Lalo e Howard

A série Better Call Saul não só transformou Saul Goodman no personagem principal, como concedeu parte do protagonismo à Kim Wexler. A advogada e companheira de Jimmy McGill durante essa transição conquistou o espectador por andar com suas próprias pernas e, em determinado momento, mostrar ser tão boa no que faz quanto Saul.

Ao longo dos episódios finais, a maior preocupação dos fãs, por vários momentos, era se Kim sobreviveria aos perigos da vida que estava levando ao lado de Saul. Felizmente, os rumos da série não criaram um final drástico para a personagem, mas sim merecedor.

Além de Kim, outros personagens conquistaram o público, como Nacho (Michael Mando), o vilão que teve o seu fim com sentimentos positivos dos fãs, e Lalo (Tony Dalton), o vilão que adoramos odiar. Suas participações foram cruciais para a criação da identidade de Better Call Saul, principalmente nos momentos de interação com os personagens já conhecidos de Breaking Bad, como Mike (Jonathan Banks), Hector (Mark Margolis) e Gus (Giancarlo Esposito).

Cinema

Better Call Saul também se consagra como uma grande aula de como fazer cinema e séries, não só pelo roteiro sensível e impecável, como pela excelente produção audiovisual como um todo. Não há um ângulo sequer que não tenha sido milimetricamente planejado para fazer sentido à história que estão contando.

É como se cada episódio fosse um filme, alguns mais genéricos e outros mais intensos, mas sempre muito bem feitos. As atuações, inclusive, colaboraram para o sucesso da qualidade da produção. Cada ator desempenhou seu papel perfeitamente não só pelo talento, como pelo carisma nato.

O final não teve Mike, não teve Gus, mas apenas Jimmy, Kim e seus destinos, afinal a história sempre foi sobre eles e não sobre uma vida perigosa diante da ilegalidade. A humanização de Saul Goodman foi um dos melhores, se não o melhor, acertos de Vince Gilligan e Peter Gould. Junto a uma direção e fotografia impecável, não é difícil dizer que Better Call Saul chega ao fim como um spin-off a ser admirado e respeitado pelo universo do entretenimento.

A temporada final de Better Call Saul já está completa na Netflix.

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