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Cientistas criam "córnea" com pele de porco para restaurar visão em humanos

Os resultados promissores trazem esperança para quem sofre com doenças na córnea e baixa visão, já que se trata de uma alternativa à doação de córneas humanas

15 ago 2022 - 16h42
(atualizado às 19h27)
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Em artigo publicado na última quinta-feira (11) na Nature Biotechnology, cientistas descreveram uma nova invenção destinada a restaurar a visão de pessoas com deficiência: uma espécie de córnea feita de proteína de colágeno de pele de porco. Para testar a eficácia do implante, o estudo contou com 20 participantes.

Os resultados promissores trazem esperança para quem sofre com doenças na córnea e baixa visão, já que se trata de uma alternativa à doação de córneas humanas para transplante, algo que ainda enfrenta um problema grave de escassez.

"Os resultados mostram que é possível desenvolver um biomaterial que atenda a todos os critérios para ser usado como implante humano, que pode ser produzido em massa e armazenado por até dois anos e, assim, contemplar ainda mais pessoas com problemas de visão", afirmam os pesquisadores.

Os autores do estudo estimam que 12,7 milhões de pessoas em todo o mundo tenham desenvolvido deficiência visual por causa de danos na córnea, que é a camada transparente mais externa do olho. A única maneira de recuperar a visão é receber uma córnea transplantada de um doador humano. Mas apenas um em cada 70 pacientes recebe um transplante. Além disso, a maioria das pessoas que precisam de transplante de córnea vive em países de baixa e média renda, onde o acesso aos tratamentos é muito limitado.

"Córnea" de pele de porco

Foto: twenty20photos/envato / Canaltech

Os pesquisadores usaram moléculas de colágeno derivadas da pele de porco que foram altamente purificadas e produzidas em condições estritas para uso humano. No processo de construção do implante, os pesquisadores estabilizaram as moléculas de colágeno soltas e formaram um material robusto e transparente que poderia resistir ao manuseio e implantação no olho.

Os pesquisadores também desenvolveram um novo método minimamente invasivo para tratar a doença do ceratocone, na qual a córnea fica tão fina que pode levar à cegueira. Hoje, a córnea de um paciente com ceratocone em estágio avançado é removida cirurgicamente e substituída por uma córnea doada, que é costurada usando suturas cirúrgicas.

Com o novo método, o cirurgião não precisa remover o próprio tecido do paciente. Em vez disso, é feita uma pequena incisão, por onde o implante é inserido na córnea existente.

Vale lembrar que, além dessa "córnea", os porcos têm sido muito estudados para suprir as necessidades da doação de órgãos. No Brasil, o governo de São Paulo anunciou um investimento de quase R$ 50 milhões para o desenvolvimento de pesquisas sobre xenotransplantes. A projeção é que já em 2025, a população já pode passar a contar com esse avanço da medicina.

Fonte: Nature Biotechnology via Science Daily

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