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Vespas machos utilizam espinhos no pênis para se defender de predadores

Cientistas japoneses notaram pseudo-ferrões na região genital de vespas machos, utilizado para defesa contra predadores: só fêmeas possuem ferrões verdadeiros

26 dez 2022 - 19h28
(atualizado em 27/12/2022 às 10h40)
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É sabido há muito tempo, na ciência, que apenas as vespas fêmeas têm a biologia desenvolvida especialmente para ferroar ameaças vivas que as ataquem, injetando toxinas paralisantes ou, no mínimo, incômodas para se proteger. Os machos ficam, então, sem defesa na hora de enfrentar os perigos da natureza... ou será que não? Uma nova pesquisa descobriu um novo uso para o genital da criatura.

As chamadas agora de "espinhas genitais" são compostas de duas protuberâncias, como esporas, que saem do corpo ao lado do falo do inseto macho. A estrutura já havia sido observada em algumas espécies, mas seu uso notado era o de segurar as fêmeas no lugar durante o acasalamento, o que não era o caso da espécie Anterhynchium gibbifrons, que não foi vista utilizando esta função em laboratório.

Demonstração de uma vespa macho escapando de uma perereca-japonesa em laboratório (Imagem: Sugiura & Tsujii/Current Biology)
Demonstração de uma vespa macho escapando de uma perereca-japonesa em laboratório (Imagem: Sugiura & Tsujii/Current Biology)
Foto: Canaltech

Testado a ferroada e fogo

O comportamento foi notado durante um estudo na Universidade Kobe, do Japão, quando a estudante e aspirante a cientista Misaki Tsujii sentiu uma ferroada ao estudar uma vespa macho — foi uma surpresa anorme, já que ela não esperava que o espécime foi capaz disso. O macho da A. gibbifrons utilizou as pontas fálicas contra um suposto predador, a mão da pesquisadora, e repetiu o comportamento em experimentos.

Para testar o uso da habilidade curiosa, ela se juntou ao cientista Shinji Sugiura e pôs as vespas macho em recipientes com uma espécie de perereca-japonesa (Dryophytes japonica) e câmeras. Os anfíbios tentaram engolir as vespas, o que foi respondido com os espinhos genitais. Cerca de 65% dos insetos foram comidos, mas 35,3% deles conseguiram se livrar de virar lanche. Ao repetir o experimento com os genitais das vespas removidos, elas puderam apenas morder os sapos, mas sem efeito: todos os machos foram comidos.

A eficiência não se mostrou ser a mesma contra os ferrões verdadeiros das fêmeas. Para começo de conversa, as pererecas-japonesas só tentavam engolir metade delas, um sinal de que já sabiam onde estavam se metendo. Quando atacaram, os anfíbios cuspiram as vespas fêmeas 87,5% das vezes.

Foto: Duncan Sanchez / Unsplash / Canaltech

Outras espécies

Os experimentos também foram repetidos com outro tipo de anfíbio, a rã-das-pintas-pretas (Pelophylax nigromaculatus), que não se afetam tanto com as defesas de ambos os sexos de vespa, e comeram todas elas sem pestanejar. A tolerância alta aos ferrões permite que a espécie — que vive no chão e encontra menos vespas do que as pererecas, que vivem em trepadeiras de árvores — coma até as vespas mais venenosas.

Felizmente, as rãs não ameaçam tanto as vespas por conta do seu habitat diferenciado. Os cientistas responsáveis pelo estudo têm suspeitas de que há outros machos de espécies de vespa que usam pseudo ferroadas genitais por aí, mas ainda não replicaram o experimento com elas. A hipótese, na verdade, não é tão nova, já que foi sugerida antes, em 2009, mas não havia sido testada até o momento — a sorte laboratorial estava ao lado dos japoneses.

Fonte: Current Biology

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