Vacina contra poliomielite: entenda os riscos de não imunizar crianças
Vacinas contra a pólio são distribuídas gratuitamente no SUS para crianças. Em casos graves, a doença pode provocar meningite e paralisia infantil permanente
O Brasil começou, na segunda-feira (8), a campanha nacional de imunização infantil contra a poliomielite. Atualmente, a doença causada por um poliovírus está erradicada no país, mas quedas na taxa de imunização de crianças podem provocar o retorno da infecção. Entre as principais sequelas da pólio, está a paralisia infantil.
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Através da atual campanha de vacinação contra a pólio, o Ministério da Saúde espera vacinar cerca de 14,3 milhões de pessoas contra esta doença, especialmente crianças de até 5 anos. Isso porque os pequenos são o alvo da campanha e, em paralelo, são o grupo que corre maior risco em caso de infecção. Em casos extremos, a doença pode levar ao óbito.
Como funciona a vacinação contra a pólio em crianças?
No momento, a vacinação completa é a única forma de prevenir a poliomielite de forma segura e eficaz. Para isso, as cinco doses do imunizante são distribuídas gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS). A seguir, confira o esquema vacinal detalhado contra a pólio no Brasil:
- Vacina injetável contra a pólio: uma dose é aplicada aos 2, 4 e 6 meses;
- Vacina oral (gotinha): uma dose é aplicada aos 4 e 5 anos.
Quais sintomas a doença provoca?
Vale explicar que a pólio é causada por um vírus, transmitido a partir do contato com fezes ou de secreções liberadas por pessoas contaminadas. Quando o indivíduo não está imunizado, o agente se multiplica, em primeiro lugar, na garganta e depois no intestino.
Neste primeiro momento, a doença pode provocar os seguintes sintomas:
- Febre;
- Dor de cabeça, de garganta e no corpo;
- Vômitos;
- Diarreia;
- Constipação (prisão de ventre);
- Espasmos;
- Rigidez na nuca.
Risco é maior quando o vírus chega ao cérebro
Caso chegue até a corrente sanguínea, pode atingir o cérebro. Neste ponto, a infecção é considerada mais perigosa. Isso porque, nessas circunstâncias, o vírus é conhecido por provocar a paralisia infantil.
"A paralisia é o sintoma mais grave associado à poliomielite, pois pode levar à incapacidade permanente e à morte. Entre 2 e 10 em cada 100 pessoas que sofrem de paralisia por infecção pelo poliovírus morrem, porque o vírus afeta os músculos que as ajudam a respirar", explica o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos Estados Unidos.
Ainda considerando os problemas da paralisia, segundo artigo da Biblioteca Virtual em Saúde, coordenada pelo Ministério da Saúde, a probabilidade maior é que apenas uma das pernas da criança seja afetada. Independente disso, o quadro pode provocar problemas permanentes de circulação.
Além disso, o artigo da Saúde explica que o vírus pode provocar:
- Problemas e dores nas articulações;
- Pé torto, condição que também é conhecida como pé equino, em que a pessoa não consegue andar porque o calcanhar não encosta no chão;
- Crescimento diferente das pernas, podendo provocar escoliose na juventude;
- Paralisia dos músculos da fala e da deglutição, o que desencadeia o acúmulo de secreções na boca e na garganta;
- Dificuldade de falar;
- Atrofia muscular;
- Paralisia de uma das pernas;
- Casos de meningite, ou seja, a inflamação das meninges que revestem o cérebro.
"As sequelas da poliomielite são tratadas através de fisioterapia, por meio da realização de exercícios que ajudam a desenvolver a força dos músculos afetados, além de ajudar na postura, melhorando assim a qualidade de vida e diminuindo os efeitos das sequelas", explica a Saúde.
E a síndrome pós-pólio?
Para além dos problemas diretamente relacionados com a pólio, o CDC afirma que "mesmo as crianças que parecem se recuperar completamente podem desenvolver novas dores musculares, fraqueza ou paralisia quando adultas, 15 a 40 anos depois. Isso é chamado de síndrome pós-pólio".
Taxa de imunização está em queda
Apesar de todos os riscos envolvidos em casos de pólio e da segurança da vacina, a cobertura vacinal contra a doença está em queda no Brasil. Segundo levantamento do Instituo Butantan, a cobertura caiu de 96,5% em 2012 para 67,6% no último ano. A taxa ideal é que seja superior a 80%.
Diante deste cenário brasileiro, pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) já alertam para o risco da volta da paralisia infantil no Brasil. Como um menor número de crianças são imunizadas contra este vírus, o risco da doença voltar a circular é grande.
Fonte: Agência Brasil, CDC, Instituto Butantan e Ministério da Saúde
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