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Amazônia tem recorde de desmatamento para janeiro

Alertas recebidos pelo Inpe, do Ministério da Ciência e Tecnologia, se concentram nos Estados de Mato Grosso, Rondônia e Pará

11 fev 2022 - 09h13
(atualizado às 11h38)
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Vista aérea de área desmatada da Floresta Amazônica em Rondônia 28/09/2021
Vista aérea de área desmatada da Floresta Amazônica em Rondônia 28/09/2021
Foto: REUTERS/Adriano Machado

A Amazônia volta a registrar número recorde de desmatamento. Entre os dias 1º e 31 de janeiro, 430 quilômetros quadrados de floresta nativa foram desmatados. É o mesmo que abrir 43 mil campos de futebol na mata em apenas um mês ou o equivalente ao tamanho da cidade de Jundiaí (SP). São dados oficiais, coletados pelo sistema de satélite Deter, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

O volume representa um aumento explosivo em relação ao mesmo período do ano passado, com alta de 418% ante janeiro de 2021, embora tenha chovido mais na região este ano. A devastação de janeiro, conforme os dados, representa a maior área perdida desde 2016, quando foram iniciadas as medições pelo sistema Deter-B. Os alertas de desmatamento recebidos pelo Inpe se concentram, principalmente, nos Estados de Mato Grosso, Rondônia e Pará.

A porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil, Cristiane Mazzetti, afirma que os estímulos para o desmatamento da região são evidentes, principalmente na gestão Jair Bolsonaro, fazendo com que meses de menor devastação - como janeiro, período chuvoso na região amazônica, - registrem altos índices de desmate. A política ambiental do governo tem sido criticada no Brasil e no exterior, diante dos seguidos aumentos da devastação e dos incêndios no bioma.

"Esse é um momento de ouro para quem desmata e/ou rouba terras públicas, já que existe uma falta proposital de fiscalização ambiental e expectativa de alteração na legislação para regularizar a invasão de terras públicas", diz Mazzetti. Segundo análise do Greenpeace Brasil, 22,5% da área com alertas de desmatamento entre 1º e 21 de janeiro deste ano se concentrou nas florestas públicas não destinadas, alvo frequente de grilagem de terras.

A devastação da Amazônia verificada em três anos de gestão Bolsonaro cresceu em níveis alarmantes, como mostrou levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e divulgado na semana passada. Relatório da instituição publicado mostra que o desmatamento no bioma foi 56,6% maior entre agosto de 2018 e julho do ano passado que no mesmo período de 2015 a 2018.

Os aumentos consecutivos desde 2018 são resultado do enfraquecimento de órgãos de fiscalização e, portanto, pela falta de punição a crimes ambientais, bem como pela redução significativa de ações imediatas de combate e controle e pelos retrocessos legislativos. O governo recorre a ações militares na floresta sob o argumento de que ajudariam a reduzir crimes ambientais.

Conforme o relatório, 51% do desmatamento do último triênio ocorreu em terras públicas, sendo 83% dessas ações em áreas de domínio federal. Em termos absolutos, as chamadas Florestas Públicas Não Destinadas foram as mais atingidas: tiveram alta de 85% na área desmatada, passando de 1.743 km² derrubados anualmente para mais de 3.228 km². No último ano, essa categoria de floresta pública concentrou um terço de todo o desmatamento no bioma.

Estadão
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