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Pela primeira vez, roedores são clonados a partir de células secas e congeladas

Cientistas japoneses conseguiram secar e congelar células da cauda de camundongos e clonar os animais 9 meses depois; método deve ajudar animais em extinção

6 jul 2022 - 11h02
(atualizado às 14h10)
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Pesquisadores da Universidade de Yamanashi conseguiram clonar camundongos a partir de células de pele secas e congeladas pela primeira vez na história. O objetivo é ajudar em esforços de conservacionistas com novas possibilidades de recuperação das populações de espécies ameaçadas.

A ideia é que países com possam guardar reservas de células da pele de espécies nativas como um tipo de garantia. Caso a ameaça à existência dos animais fique muito séria, será possível auxiliar com clones que aumentarão a diversidade genética de suas populações. Diversas espécies ameaçadas acabam sofrendo de endocruzamento, o que aumenta as chances de defeitos congênitos.

Foto: Bilanol/Envato Elements / Canaltech

Clonando camundongos

Esforços anteriores de congelar células para clonagem já haviam obtido sucesso, mas normalmente elas precisam de nitrogênio líquido para congelar eficientemente, o que é muito custoso e arriscado. Qualquer queda de energia ou falha no processo de repor o nitrogênio causa o derretimento das células e as deixa inúteis. Esperma seco também pode ser congelado, mas não pode ser obtido de todos os animais.

O novo trabalho, então, procurou criar células secas congeladas que fossem funcionais sem a adição de nitrogênio líquido, barateando e aumentando a segurança dos estoques. Outra vantagem do método é que mesmo em espécies onde apenas os machos sobrevivem, é possível criar fêmeas a partir das células e recuperar a população animal.

Os cientistas japoneses coletaram células da cauda dos camundongos, as secando, congelando e guardando por 9 meses antes de tentar criar clones delas. Apesar do processo matar as células, foi descoberto ser possível criar clones de embriões em estágios iniciais ao inserir as células mortas dentro dos óvulos dos roedores após remover seus núcleos.

Chamados de blastocistos, esses embriões em estágio inicial foram utilizados para criar estoques de células-tronco que passaram por outra rodada de clonagem. Inseridas em óvulos sem núcleo, as células se tornaram embriões completos que foram gestados por barrigas roedoras de aluguel. O primeiro camundongo clonado, uma fêmea, recebeu o nome de Dorami, e a ela se seguiram mais 74 clones.

Para checar se a fertilidade dos roedores clonados estava boa, 9 fêmeas e 3 machos cruzaram com camundongos comuns. Todas as fêmeas tiveram filhotes. Apesar do sucesso, o processo não é tão eficiente. O DNA congelado e seco das células acaba sendo danificado, e a taxa de sucesso na criação de fêmeas e machos saudáveis foi apenas de 0,2% a 5,4%.

Em algumas das células, o cromossomo Y foi perdido, levando ao nascimento das fêmeas de camundongo com células obtidas de machos. Se o mesmo puder ser feito com espécies ameaçadas, segundo os cientistas, seria possível produzir fêmeas e preservar os animais naturalmente.

Especialistas confirmaram a importância do feito, mas também lembram da importância de provar que o método funcione na manutenção das células em congelamento por tempo indefinido, para que a solução possa funcionar a longo prazo. A pesquisa foi publicada na revista científica Nature Communications.

Fonte: Nature Communications

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