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Múmia grávida de 2.000 mil anos atrás provavelmente morreu de câncer

Cientistas que estudam múmia grávida descobriram evidências de um câncer na nasofaringe, o que pode ter levado à morte da mulher mumificada há 2 mil anos

29 jul 2022 - 20h42
(atualizado em 30/7/2022 às 14h03)
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Múmia egípcia "grávida" de 2.000 anos atrás possivelmente estava com câncer, revelam pesquisadores. Deformidades analisadas em seu crânio trazem sinais de um tumor considerável atrás do olho esquerdo, mas ainda são necessários mais estudos para determinar se ele era canceroso ou não. O exemplar é conhecido como a "Dama Misteriosa".

Foto: twenty20photos/Envato / Canaltech

A múmia em questão provavelmente veio de Tebas, atual Luxor, no Egito, datando do primeiro século a.C. O curioso é que ela foi encontrada selada no sarcófago de um sacerdote masculino, o que intrigou os cientistas quando o caixão cerimonial foi aberto pela primeira vez: por que ela foi posta no lugar de outra pessoa?

Grávida, com câncer ou nenhum deles?

Os pesquisadores responsáveis publicaram um estudo em abril de 2021 revelando o que parecia ser um feto no útero da Dama Misteriosa, o que faria dela a primeira múmia grávida do mundo. Estimativas ainda colocavam a morte da mulher na 28ª semana de gravidez. Em janeiro de 2022, mais uma curiosidade: o bebê teria ficado "em conserva", ou seja, passado por uma fermentação lática dentro da mãe.

Alguns especialistas, no entanto, questionam a descoberta, sugerindo que o feto fossilizado possa ser apenas um pano de embalsamento enrolado, colocado no corpo para substituir os órgãos removidos para a mumificação. A mesma equipe, no entanto, continuou estudando a múmia, e anunciou que ela provavelmente tinha um câncer na nasofaringe, que afeta a boca, cavidade nasal e traqueia.

O que denunciou a possível doença foram deformidades no crânio, mas ainda são necessárias análises químicas e revisão por pares para confirmar a condição. A reconstrução 3D da Dama Misteriosa mostrou um buraco de 7 milímetros atrás da cavidade ocular da múmia, sugerindo uma lesão tumoral.

Outras possibilidades são um cisto ou uma cribria orbitalia (uma consequência da anemia), mas pequenas deformidades nos ossos da cavidade nasal, mandíbula e seios paranasais apoiam a hipótese do câncer. Normalmente, seria impossível saber o que causou as lesões, mas o ótimo estado de preservação da múmia ajuda: há um pouco de tecido mole nos ossos, permitindo testes histopatológicos, como os utilizados para detectar câncer atualmente. Pesquisas como essa já detectaram outros tipos de câncer em outras múmias.

Caso o câncer se confirme, ele será a doença que mais provavelmente causou a morte da Dama Misteriosa. Também é possível, segundo os cientistas, que a gravidez tenha contribuído para seu falecimento. É raro que saibamos a causa da morte de pessoas mumificadas, o que aumenta a importância da pesquisa — e a empolgação dos cientistas envolvidos.

Fonte: Warsaw Mummy Project, LiveScience

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