Múmia de bebê do século 17 morreu de raquitismo, desnutrição e falta de sol
Mesmo sendo aristocrata, o bebê com menos de 1 ano era obeso, raquítico e quase não viu o sol durante sua curta vida: trabalho de detetive revelou sua história
Cientistas realizaram a autópsia virtual do corpo preservado de um bebê aristocrata da época do Renascimento, demonstrando que nem mesmo os nobres da época tinham muitos privilégios quando o assunto era mortalidade infantil. Em um mundo onde os germes eram desconhecidos e as pessoas não evitavam, exatamente, defecar no mesmo rio de onde buscavam água, havia ameças à saúde vindo de todos os lados.
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CSI Renascentista para desvendar o bebê
Para começar, medições dos dentes e ossos revelaram que, assim como um a cada quatro de seus contemporâneos, o bebê não passou do primeiro ano de vida. Ele estava acima do peso para alguém da sua idade, e suas costelas possuíam deformidades características de condições como o raquitismo ou o escorbuto, doenças causadas por deficiência nutricional. Com leite fortificado e frutas cítricas disponíveis o ano todo, atualmente não há como haver casos como esse.
O raquitismo, principalmente, deixa os ossos moles e dobráveis, geralmente fazendo com que as pernas do doente fiquem dobradas, em formato de arco. No bebê examinado, a característica não estava presente, mas provavelmente porque era muito novo para engatinhar ou andar o suficiente para que as pernas dobrassem. Outra característica da doença, no entanto, estava presente: a vulnerabilidade a condições respiratórias graves.
Um estudo de 2010 mostrou que crianças raquíticas têm mais chances de apresentar doença respiratória aguda do que infantes sem a doença. Na autópsia do menino, foi revelado que ele faleceu por conta de uma inflamação característica da pneumonia, preservada em seus pulmões.
Mesmo com cuidados aristocráticos, a criança desenvolveu obesidade e quase não foi exposta ao sol, o que contribuiu significativamente para a doença. O estado nutricional tinha uma deficiência de vitaminas muito grande, o que, segundo os cientistas, leva a um questionamento acerca das condições de vida das crianças aristocráticas do passado.
A descoberta foi possível através de tomografia computadorizada, que só pôde ser realizada por conta de uma série de circunstâncias que preservaram o corpo do bebê, mumificando-o naturalmente. A tecnologia revelou a causa de sua morte, mas a identidade do pequeno rapaz teria de ser solucionada de outra forma.
Resolvendo o mistério do bebê
Ele foi enterrado em um caixão de madeira simples, pequeno demais para o seu tamanho, que não tinha nome algum gravado no exterior. Todos os outros túmulos tinham enfeites elaborados de metal, com os nomes dos mortos gravados. Então ele não seria ninguém importante? Por que, então, era a única criança enterrada naquela cripta específica? O local pertencia à família nobre von Starhemberg, casa de nobres imperiais e príncipes cuja origem remontava ao século XII.
Analisando a roupa do infante, revelou-se que ele vestia um manto longo, com capuz, feito de seda, o que demonstra algum cuidado, ao menos. Combinando isso com análise de radiocarbono, o bebê mostrou ter vivido entre 1550 e 1635 d.C., indicando que ele muito provavelmente foi Reichard Wilhelm, neto do conde Reichard von Starhemberg, do qual herdou o nome.
Não se sabe o destino de outras crianças da família, e ele teria provavelmente sido o primeiro filho a nascer após a construção da cripta da família. A descoberta, segundo os pesquisadores, pode impactar nosso conhecimento acerca de nossos ancestrais e seu estilo de vida. Já sabíamos que as taxas de mortalidade infantil da época eram muito altas, e agora pudemos aprender mais detalhes sobre como isso acontecia, especialmente em classes sociais mais altas.
Fonte: Frontiers in Medicine, BMC Pedriatics, Journal of Pak. Med. Assoc., EurekAlert!, Journal of Political Economy
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