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Fósseis de plesiossauro do Saara sugerem que os répteis também habitavam rios

Fósseis de plesiossauros encontrados no Deserto do Saara, onde havia rios há 100 milhões de anos, indicam que os répteis também habitavam rios, e não só mares

5 ago 2022 - 16h21
(atualizado às 18h18)
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Fósseis de plesiossauros, répteis marinhos do Triássico, foram encontrados no deserto do Saara, em Marrocos, onde já houve rios, há 100 milhões de anos. Além de ser uma descoberta curiosa, ela abre a possibilidade de que os animais também viviam em água doce — isto é, muito mais do que se imaginava para um animal considerado, até agora, marinho.

Os plesiossauros eram criaturas de longos pescoços e cabeças pequenas, com um corpo adornado por quatro barbatanas que os auxiliavam no nado. Sua figura lembra ilustrações do monstro do Lago Ness, na Escócia, e não é à toa: a inspiração para a lenda deve muito a esses animais pré-históricos. No caso dos plesiossauros do Saara, os espécimes são de uma espécie pequena, Leptocleididae.

Envolvidos na pesquisa, estão a University of Bath e University of Portsmouth, no Reino Unido, e a Université Hassan II, no Marrocos.

Foto: Ballista/CC-BY-3.0 / Canaltech

Répteis não tão marinhos

Os fósseis incluem ossos e dentes de adultos de 3 m de comprimento e um osso do braço de um filhote de 1,5 m. Sua posição em um rio do período Cretáceo indicam uma vida em água doce ao lado de sapos, crocodilos, tartarugas, peixes e dinossauros aquáticos, como o espinossauro. É possível que os animais até mesmo passassem suas vidas inteiras nos rios, como os golfinhos ribeirinhos de hoje.

Há vértebras do pescoço, costas e cauda, além de dentes caídos entre os achados. O espalhamento dos restos indica que vieram de indivíduos diferentes, mais de uma dúzia, segundo os cientistas: os dentes são a parte mais interessante, já que foram perdidos enquanto o animal ainda estava vivo, indicando os locais que frequentava.

O fato dos dentes estarem gastos, assim como os de espinossauros encontrados no leito dos mesmos rios, demonstra que sua dieta era semelhante. Peixes com cascas duras gastavam a dentição dos animais, o que indica longos períodos vivendo na água doce, e não apenas visitas ocasionais. Algumas baleias e golfinhos sobem rios para se alimentar ou quando estão perdidos, mas o número de plesiossauros no Marrocos mostra que esse não era o caso.

O mais provável é que os plesiossauros tivessem uma tolerância grande tanto a água doce quanto salgada, assim como as atuais baleias belugas. Como os Leptocleididae são pequenos, eles podiam caçar em rios mais rasos, onde há fósseis de uma fauna rica em peixes. O achado desafia a terminologia de "répteis marinhos" dada aos plesiossauros. Linhagens que chegaram à água doce são perfeitamente possíveis.

Os golfinhos de água doce, por exemplo, evoluíram para essas características pelo menos 4 vezes: uma no rio Ganges, outra no rio Yangtze, e duas no rio Amazonas. Há, inclusive, uma espécie de foca de água doce no lago Baikal, na Sibéria, abrindo a possibilidade de plesiossauros em lagos terem também existido.

Acima de tudo, o achado aumenta nosso conhecimento sobre a vida desses fascinantes animais, cujo quebra-cabeça vem sendo montado desde o achado do primeiro osso fossilizado, em 1823, pela paleontóloga inglesa Mary Anning. Após quase 150 milhões de anos, a espécie se extinguiu junto aos dinossauros, há 66 milhões de anos — deixando a possibilidade de o monstro do Lago Ness ser um deles ainda altamente improvável.

Fonte: Cretaceous Research, University of Bath

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