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Por que algumas pessoas acreditam que a Lua é oca?

Há quem acredite que a Lua é oca, tudo por causa de uma interpretação equivocada de um experimento da NASA. Entenda melhor essa história!

25 jan 2023 - 00h13
(atualizado às 13h22)
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A teoria da conspiração mais famosa sobre nosso satélite natural diz que o pouso humano na Lua foi uma fraude, mas há outra ainda mais exótica: a teoria de que a Lua é oca. Isso mesmo, os adeptos da "Lua oca" acreditam que não existe nada dentro do corpo celeste mais próximo da Terra, uma crença que surgiu da interpretação errada de um experimento real da NASA.

Em 1969, a missão Apollo 12 pousou na Lua para continuar a exploração e os experimentos científicos na superfície lunar. Aquela foi a segunda missão tripulada rumo ao satélite e a primeira a fazer um pouso preciso em um lugar pré-determinado.

Os astronautas Pete Conrad, Richard Gordon e Alan Bean foram lançados em um foguete Saturn V, de Cabo Canaveral rumo ao espaço. A alunissagem (nome que os cientistas dão ao pouso na Lua) aconteceu no dia 19 de novembro de 1969. No total, os astronautas Conrad e Bean passaram cerca de 31 horas pousados na Lua, enquanto Gordon permaneceu em órbita, no módulo de comando. Eles trouxeram à Terra fotografias, rochas, amostras de solo e partes da Surveyor 3, uma sonda não tripulada enviada à superfície lunar dois anos antes.

A missão foi bastante tranquila, principalmente porque a humanidade já havia conquistado o pouso na Lua, na missão Apollo 11. Os astronautas estavam descontraídos e até se divertiram durante as tarefas. Mas um de seus últimos atos deram origem à teoria da conspiração mais maluca sobre a Lua.

A Lua "toca como um sino"

Foto: NASA/JPL / Canaltech

Após cumprir a missão na superfície lunar, a dupla de astronautas subiu no módulo de pouso para retornar à órbita e embarcar novamente no módulo de serviço. Em seguida, seria realizado um último experimento: arremessar o módulo de pouso de volta à Lua.

O objetivo era fazer com que o módulo se chocasse com certa violência para medir o abalo sísmico e, assim, compreender melhor a estrutura e composição da Lua. O impacto foi equivalente à detonação de uma tonelada de TNT e desencadeou o primeiro "moonquake" (terremoto na Lua) causado pelo homem.

Na superfície lunar, Conrad e Bean haviam montado o sismômetro Passive Seismic Experiment (PSE) no local de pouso. Quando o módulo colidiu com a Lua, o equipamento registrou as vibrações resultantes e os cientistas ficaram surpresos — o moonquake foi maior e durou muito mais do que eles haviam previsto.

O problema é que, na ocasião, os cientistas usaram algumas figuras de linguagem para descrever o quão estranhos eram os abalos sísmicos na Lua. "A lua estava tocando como um sino", disse Clive R. Neal, professor associado de engenharia civil e ciências geológicas na Universidade de Notre Dame.

As vibrações sísmicas atingiram o pico oito minutos após o impacto e levou uma hora para se dissiparem. Por isso, a comparação com um sino, mas claro que isso não significa que a Lua é vazia por dentro.

Mesmo assim, os teóricos da conspiração interpretaram mal a figura de linguagem usada pelos cientistas e perpetuaram a ideia da Lua oca. Alguns espalham até mesmo a ideia de que a Lua seria, na verdade, uma nave alienígena disfarçada. Contudo, existe uma explicação científica muito melhor para o badalar do "sino" lunar.

Por que a Lua sacode tanto?

Os sismômetros do Passive Seismic Experiment permaneceram ativos até 1977, registrando outros moonquakes produzidos por astronautas e outros naturais, produzidos pela constante queda de asteroides.

Isso significa que terremotos lunares acontecem com bastante regularidade, pois as rochas espaciais atingem a superfície de lá com mais frequência do que na Terra, devido à ausência de uma atmosfera capaz de queimar os detritos.

Segundo os cientistas, os abalos sísmicos prolongados semelhantes a um sino ocorrem na Lua devido à sua composição. Na Terra, onde há presença de muita água líquida, as rochas são úmidas o suficiente para agirem como uma "esponja", absorvendo parte do impacto causado pelas ondas sísmicas.

Esse não é o caso da Lua, onde não há água líquida e, portanto, os impactos não são absorvidos com facilidade. Como em qualquer outro tipo de objeto seco — como um sino, por exemplo —, as reverberações se propagam com muito mais facilidade e demoram para a energia do abalo se esgotar.

A Lua é geologicamente ativa

Foram identificados, então, quatro tipos de moonquakes lunares: moonquakes profundos abaixo de 700 km de moonquakes; moonquakes causados por meteoritos; moonquakes termais; e moonquakes rasos, que ocorrem de 20 a 30 km de profundidade. Alguns destes últimos chegam a atingir 5,5 na escala Richter.

Tremores profundos, rasos e termais apontam que a Lua é geologicamente ativa, e pode até mesmo exigir um preparo extra para os próximos astronautas que forem à superfície lunar — principalmente porque o objetivo da NASA é construir uma base para permanência da humanidade por lá.

Ainda há mistérios sobre o núcleo da Lua, no entanto, mesmo sabendo que ela não é oca. A NASA já trabalha com um novo experimento que tentará mapear o núcleo lunar e reunir mais dados sobre os tremores e, quem sabe, descobrir sua composição.

Essas pesquisas ainda podem demorar um pouco para acontecer, mas, independente disso, podemos afirmar com segurança que nosso satélite natural não é oco. E nem precisamos cavar para comprovar isso: a própria física da formação e evolução dos corpos celestes diz que isso seria impossível.

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