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Meteoros gigantes formaram os continentes nos primeiros bilhões de anos da Terra

Pesquisadores analisaram minerais nas reservas mais antigas de litosfera e descobriram que meteoros gigantes causaram a fusão das rochas encontradas

15 ago 2022 - 19h15
(atualizado às 22h18)
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Um estudo conduzido por pesquisadores da Escola de Ciências da Terra e Planetárias, da Universidade Curtin, na Austrália, forneceu a evidência mais forte até agora de que os continentes da Terra se formaram devido aos impactos de meteoritos gigantes. Esses choques eram relativamente frequentes durante a infância do Sistema Solar, 4,5 bilhões de anos atrás.

O Dr. Tim Johnson, principal pesquisador do estudo, e sua equipe analisaram minúsculos cristais de zircão em rochas do Craton de Pilbara, na Austrália Ocidental. Essa é uma região estável da litosfera continental, a crosta antiga mais bem preservada da Terra. Ali, foram encontradas evidências dos impactos de meteoritos gigantes na composição dos isótopos de oxigênio no zircão.

A composição encontrada pelos cientistas revelou um processo "de cima para baixo", de acordo com o Dr. Johnson, "começando com o derretimento das rochas próximas à superfície e progredindo mais fundo, consistente com o efeito geológico dos impactos de meteoritos gigantes". Isso significa que os continentes se formaram graças a meteoritos semelhantes aos responsáveis pela extinção dos dinossauros.

No trabalho, a equipe analisou 26 amostras rochosas contendo fragmentos de zircão, com idade entre 3,6 e 2,9 bilhões de anos, em especial os isótopos de oxigênio que tinham 10 nêutrons e 8 nêutrons. Esses isótopos ajudam a determinar a temperatura da rocha no momento em que foram formadas. Assim, os cientistas encontraram três etapas na formação do Cráton de Pilbara.

A primeira foi a formação de uma grande proporção de zircões, por meio de uma fusão parcial da crosta causada provavelmente por um bombardeio de meteoritos. Ao aquecer a crosta terrestre, os impactos derreteram as rochas, que se fundiram para formar os zircões. A segunda etapa foi um período de estabilização, enquanto a terceira etapa teria sido um período de fusão e formação de granito.

Para criar um cráton (porções compostas por crosta e uma porção do manto superior da Terra) são necessários impactos imensos, capazes de gerar calor suficiente para fundir as rochas. Os crátons parecem ser duas vezes mais grossos que a litosfera circundante, então esses meteoritos gigantes talvez fossem um pouco mais raros — daí o motivo de não haver tantos continentes no planeta.

O próximo passo é expandir a pesquisa em outros locais do globo. "Dados relacionados a outras áreas da crosta continental antiga na Terra parecem mostrar padrões semelhantes aos reconhecidos na Austrália Ocidental", disseram os pesquisadores. "Gostaríamos de testar nossas descobertas nessas rochas antigas para ver se, como suspeitamos, nosso modelo é mais amplamente aplicável".

O estudo foi publicado na revista Nature.

Fonte: Nature, Universidade Curtin

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