Virginia diz que sua voz ficou mais grossa após 'chip da beleza'

E engrossar a voz não é o único efeito colateral de uso estético de hormônios como gestrinona e testosterona

6 out 2025 - 05h59
Resumo
Virginia Fonseca afirmou que sua voz engrossou após o uso do "chip da beleza", implantado para fins estéticos, que contém hormônios; especialistas alertam sobre riscos e a necessidade de uso médico adequado.
Foto: Divulgação

O corpo da influenciadora Virginia Fonseca, de 26 anos de idade, recentemente tem chamado atenção pelo ganho de massa muscular e perda de gordura. Mas, além disso, sua voz também engrossou. Em entrevista, Virginia negou o uso de anabolizantes e disse que sua voz teria engrossado após o uso do chamado “chip da beleza”, um chip com hormônios. 

"A minha voz, é que eu tinha um chip de testosterona, né... Mas acho que é por causa desse chip que eu tenho de testosterona e gestrinona, que venceu”, relata ela. 

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O chamado ‘chip da beleza’ é, na verdade, um implante hormonal subcutâneo, inserido sob a pele — geralmente na região glútea — que libera substâncias de forma contínua por 1 ano. Ele é constituído principalmente do hormônio gestrinona. 

“Esse hormônio é liberado lentamente na corrente sanguínea, com o objetivo de promover determinados efeitos no organismo com indicação para doenças estrogênio dependentes como endometriose, adenomiose, TPM e TDPM (transtorno disfórico pré-menstrual). A Anvisa não autoriza o uso de implantes hormonais com fins exclusivamente estéticos. Esses produtos, quando registrados, são indicados para tratamentos médicos específicos, como endometriose, miomas, distúrbios menstruais e doenças estrogênio dependentes. Qualquer uso fora dessas indicações é considerado ‘off label’”, esclarece Patricia Magier, ginecologista formada pela Universidade Federal Fluminense (UFF). 

“Os riscos mais comuns associados ao uso de implantes hormonais com finalidade estética incluem acne severa, oleosidade da pele, queda de cabelo, alterações no humor e aumento da irritabilidade, crescimento de pelos em áreas indesejadas, alterações menstruais (amenorreia ou sangramentos irregulares). Além disso, há risco de supressão do eixo hormonal natural, dificultando a reversão dos efeitos mesmo após a retirada do implante”, comenta Patricia.

Segundo a ginecologista, a popularidade do chip da beleza para uso estético cresceu por conta da promessa de benefícios rápidos e visíveis, como melhora do corpo, disposição, libido e celulite, atributos associados à autoestima feminina. 

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“As redes sociais amplificaram essa tendência, promovendo o chip como uma solução estética quase milagrosa. No entanto, essa fama muitas vezes ignora os riscos, a ausência de indicações médicas precisas e o uso indiscriminado, sem o devido acompanhamento. O implante é indicado para tratar doenças e foi visto que apresentava benefícios em algumas mulheres, associados a estética”, explica. 

“A prescrição de implantes hormonais deve ser feita exclusivamente por médicos, com especialização e conhecimento em ginecologia, endocrinologia ou medicina integrativa e funcional. O uso médico é pautado por critérios diagnósticos e exames que justifiquem a necessidade da gestrinona. Já o uso com foco apenas estético, sem respaldo clínico, não é reconhecido como conduta ética ou legalmente segura”, destaca Patricia.

Com relação aos efeitos de longo prazo, a ginecologista destaca que o uso de implantes hormonais, especialmente os que contêm gestrinona, pode alterar o metabolismo hepático, os lipídios sanguíneos (declínio do HDL e aumento do LDL), a sensibilidade à insulina e a função tireoidiana, aumentando o risco cardiovascular. “Mulheres com histórico de câncer de mama (hormônio-dependente), trombose venosa profunda, doença hepática em atividade devem evitar esse tipo de terapia”, comenta Patricia.

Segundo a médica, é possível obter os benefícios desses hormônios apenas com melhora do estilo de vida. “Mudanças no estilo de vida, como alimentação anti-inflamatória, atividade física regular, sono de qualidade e manejo do estresse, associados à suplementação adequada e, quando necessário, à reposição hormonal por vias convencionais (transdérmica, oral ou vaginal), podem promover os mesmos benefícios com maior segurança e reversibilidade”, esclarece. “A falta de avaliação personalizada e o uso com fins apenas estéticos aumentam a chance de experiências negativas e precisa de orientação para a paciente dos cuidados que precisa ter ao usar o implante de gestrinona. Cabe ao médico saber lidar com os efeitos colaterais que possam surgir com o uso do implante hormonal”, finaliza.

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(*) Homework inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.

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