Vacina em spray contra covid: o que muda e quais as vantagens

InCor pede autorização para a Anvisa e pretende iniciar estudos em humanos a partir de janeiro

25 out 2021 - 08h02
(atualizado às 08h16)

O InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP), entrou com um pedido para testar a vacina em spray, contra a covid-19, em humanos. A análise será realizada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e a expectativa dos estudiosos é que os testes comecem em janeiro de 2022.

Segundo os responsáveis pelo desenvolvimento do novo imunizante, a vacina em spray é uma descoberta brasileira, inédita no mundo. Além da mudança na forma de administração, os componentes utilizados e o veículo que os transporta são as grandes novidades.

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Vacina em spray pode aumentar a resposta imune do sistema respiratório
Vacina em spray pode aumentar a resposta imune do sistema respiratório
Foto: Shutterstock / Saúde em Dia

Até o momento, os testes foram realizados apenas em animais, que demonstraram aumento de anticorpos IgA e IgG, além de uma melhora da resposta celular protetora. "Estamos esperançosos nos resultados clínicos desta vacina em spray, pois todos os testes que nos propomos a fazer têm nos mostrados importantes conquistas no combate ao vírus", diz o pesquisador chefe do estudo, Dr. Jorge Kalil, diretor do Laboratório de Imunologia do InCor e professor Titular da FMUSP (Faculdade de Medicina da USP).

Vantagens da vacina em spray e a diferença para os imunizantes convencionais

De acordo com os pesquisadores, caso aprovada, a vacina em spray mudará a maneira de combater a propagação de covid-19 e potencializará o combate ao coronavírus. "O vírus entra no organismo pelo nariz infectando a mucosa. O nosso foco é criar uma vacina que atue diretamente no sistema respiratório, fortalecendo a resposta imune de toda essa região, de forma a evitar a cadeia de infecção do indivíduo, desenvolvimento da doença e transmissão para outras pessoas", conta o Dr. Kalil

As vacinas convencionais usam uma proteína do vírus para induzir o organismo a produzir anticorpos contra o coronavírus. Já o imunizante em spray é feito a partir de pepitídios sequenciais, também derivados de partículas do Sars-Cov-2. A nova formulação ainda se demonstrou capaz de atravessar cílios e muco presentes no nariz. Fator que facilita a chegada dos seus componentes às células do corpo.

"O coronavírus vai persistir na sociedade. Sabe-se que as vacinas atualmente em uso não garantem a proteção por longos períodos, sendo necessário um reforço vacinal. Como a maioria da população brasileira está imunizada, iremos recrutar voluntários já vacinados contra covid-19 e, com isto, poderemos analisar o efeito de potencializar a resposta imune", esclarece o Dr. Kalil.

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Mais detalhes sobre o estudo

Após a liberação da Anvisa, os pesquisadores pretendem reunir 280 participantes e dividi-los em sete grupos diferentes. Seis deles vão receber doses diferentes entre si, para que a quantidade ideal do imunizante seja encontrada. Já o último grupo receberá apenas placebo. As primeiras fases do teste clínico devem durar, aproximadamente, três meses.

A vacina em spray é desenvolvida pelo Laboratório de Imunologia do InCor. Mas, também conta com a parceria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e das seguintes unidades da USP (Universidade de São Paulo): FM (Faculdade de Medicina), ICB (Instituto de Ciências Biomédica) e FCF (Faculdade de Ciências Farmacêuticas).

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