Saiba a relação entre endometriose e doenças cardiovasculares

Os cientistas avaliaram 60.508 mulheres com diagnóstico de endometriose, comparando-as com um grupo de 242.032 mulheres sem a condição

5 set 2024 - 00h48

Uma pesquisa realizada no Hospital Rigshospitalet da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, destaca um elo significativo entre endometriose e doenças cardiovasculares. Publicado no Congresso Europeu de Cardiologia (ESC 2024) em Londres, o estudo utilizou um extenso banco de dados dinamarquês que inclui informações de saúde desde 1977 até 2021.

A endometriose acontece quando o endométrio cresce fora do útero
A endometriose acontece quando o endométrio cresce fora do útero
Foto: depositphotos.com / kolapatha@outlook.co.th / Perfil Brasil

Os cientistas avaliaram 60.508 mulheres com diagnóstico de endometriose, comparando-as com um grupo de 242.032 mulheres sem a condição. Ao longo de 16 anos de acompanhamento, os pesquisadores analisaram diversas questões, como nível socioeconômico, educação e possíveis problemas cardíacos, como infarto, arritmia, AVC e insuficiência cardíaca.

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Os resultados revelaram que mulheres com endometriose têm um risco aproximadamente 20% maior de enfrentar problemas cardiovasculares em comparação com a população geral. Esta descoberta é significativa, considerando a alta prevalência da endometriose e seu impacto na saúde das mulheres.

Para entender melhor a endometriose, é importante conhecer o funcionamento do endométrio, o tecido que recobre as paredes internas do útero. Sua principal função é receber o embrião após a fecundação, passando por uma série de transformações durante o ciclo menstrual. Na endometriose, o endométrio aparece em outras áreas do corpo, como ovários, tubas uterinas, bexiga e até intestino, gerando sintomas severos.

O que é endometriose?

A endometriose acontece quando o endométrio cresce fora do útero. Embora se desenvolva principalmente nos ovários e tubas uterinas, pode também ser encontrada em regiões menos comuns, como a bexiga e intestino. Mesmo fora do útero, esse tecido segue o ciclo menstrual, causando dor intensa, sangramentos, e dificuldades em atividades diárias.

  • Dor severa e cólicas menstruais
  • Sangramento excessivo
  • Desconforto durante relações sexuais
  • Fadiga intensa
  • Dores ao urinar ou evacuar

Como é feito o diagnóstico da endometriose?

Apesar dos avanços na medicina, o diagnóstico da endometriose ainda apresenta desafios. Geralmente, ele é baseado em sintomas clínicos e exames de imagem, como ultrassonografia e ressonância magnética. Em casos mais complexos, é realizada uma laparoscopia, um procedimento cirúrgico minimamente invasivo que permite a visualização direta do tecido endometrial fora do útero.

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A falta de medicamentos específicos para tratar a endometriose complica o manejo da doença. Normalmente, o tratamento envolve:

  1. Analgésicos, como paracetamol ou ibuprofeno, para controlar a dor
  2. Terapia hormonal para regular o crescimento do tecido endometrial
  3. Cirurgias, em casos severos, para remover o tecido endometrial extra-uterino

Qual é a ligação entre endometriose e doenças cardíacas?

Durante a apresentação no ESC 2024, a Dra. Eva Havers-Borgersen explicou que a pesquisa sugere uma associação entre endometriose e doenças cardíacas. "A inflamação e o estresse oxidativo relacionados à endometriose podem aumentar o risco cardiovascular," afirmou ela.

Havers-Borgersen destacou que os fatores de risco cardiovascular muitas vezes são considerados sob uma perspectiva masculina. Porém, uma em cada três mulheres morre por doenças cardiovasculares e uma em cada dez sofre de endometriose. Portanto, é crucial que problemas de saúde específicos das mulheres, como a endometriose, sejam considerados nas avaliações de risco cardiovascular pelos cardiologistas.

Em resumo, a pesquisa dinamarquesa sublinha a importância de considerar a endometriose não apenas como uma condição ginecológica, mas também como um fator relevante nas análises de risco cardiovascular. Mulheres com endometriose, diabetes gestacional e pré-eclâmpsia deveriam passar por avaliações cardiovasculares detalhadas para melhor prevenção e tratamento.

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