Quem olha para Guria, pode não imaginar que a cadela calma e muito carinhosa é, na verdade, a vigia de sua tutora, Maria Lima. Da raça Australian Cattle Dog, ela foi treinada pelo filho de Maria, o adestrador Glauco Lima, para identificar os sinais de quando a mãe está em crise de diabetes ou glicemia.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
No Dia Mundial da Diabetes, celebrado nesta sexta-feira, 14, o Terra trouxe os moradores da Zona Leste de São Paulo para contar um pouco como foi esse processo. Glauco ganhou a cachorrinha de um amigo e a treina há dois anos.
A ideia surgiu ao observar a rotina da mãe, que segundo ele, é uma pessoa muito teimosa e não cuidava muito de sua condição. Ali, ele viu uma oportunidade de mudar a qualidade de vida dela e de outras pessoas também.
“Minha mãe não fazia dietas, não tomava a medicação certa para controle de glicose e também não fazia atividade física. Assim resolvi treinar a Guria para vigiar ela 24 horas por dia”, afirma.
Dona Maria descobriu a diabetes há oito anos, mas como o filho já mencionou, não fazia o controle certinho. Mas desde que a cadelinha chegou em sua casa, voltou a caminhar, pois ambas precisam de atividades físicas. “Dei uma boa emagrecida por causa dela e minha glicose está muito mais controlada, tenho poucos episódios de crises.”
Treinamento
Ele explica que o treinamento é feito em 30 fases, e nelas, o cão pega o odor muito rápido para associar e conhecer o cheiro. A identificação de uma crise é feita quando o animal observa como o corpo da tutora fica mole e com tontura. Ou então, pelos corpos cetônicos e hálito que a pessoa libera, um odor característico e adocicado, que lembra o cheiro de acetona ou fruta passada.
Para isso, eles pegaram a amostra pela boca com algodão ou gaze estéril e armazenaram na geladeira para realizar as sessões de treinos. “O cheiro estando presente marcamos o comportamento da cadela: ela batendo com a pata na perna da minha mãe para sinalizar uma alteração e latindo para sinalizar outra”, conta Glauco.
Segundo ele, o mais complexo do treinamento são aqueles em lugares públicos e também no período noturno, quando todos estão dormindo. “A Guria teve que aprender a despertar com o cheiro e ir para minha mãe fazer o alerta mesmo quando ela está descansando. No total, o treinamento leva dois anos para o processo completo”, explica o adestrador.
Dona Maria conta que com a sua parceira, a qualidade de vida aumentou demais. “Ela me ajudou e me ajuda muito. Lógico que ela é dedo duro, né? Sinaliza as coisas e virou meio que uma segurança, mas eu fico mais tranquila em ter ela por perto e me ajuda demais. Tenho mais qualidade de vida”, afirma.
De acordo com Glauco, o treinamento pode ser realizado por cães de porte pequeno, médio e grande, mas é importante ter critérios de seleção para escolher o animal certo para esse tipo de adestramento.