Padrastos e madrastas: a fama ruim ficou no passado

Diálogo, respeito e paciência são as chaves para uma relação saudável entre padrastos, madrastas e seus enteados Assim como a sociedade evolui, as configurações familiares também passam por mudanças. Que vão além da dinâmica que conhecíamos antes - que já não pode mais ser considerada tradicional. Por muito tempo, a imagem de padrastos e, principalmente, […]

3 out 2024 - 15h13

Diálogo, respeito e paciência são as chaves para uma relação saudável entre padrastos, madrastas e seus enteados

Assim como a sociedade evolui, as configurações familiares também passam por mudanças. Que vão além da dinâmica que conhecíamos antes - que já não pode mais ser considerada tradicional. Por muito tempo, a imagem de padrastos e, principalmente, madrastas foram pintadas de maneira ruim. Afinal, quem não lembra dos contos de fadas onde esse estereótipo negativo era cada vez mais reforçado? Mas a verdade é que esse perfil não condiz em nada com a realidade. 

Foto: fizkes/Shutterstock Images
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Foto: Revista Malu

Padrastos e madrastas têm ddever estabelecido por lei

Desde 2015, a  lei n.º 137/2015 do Código Civil prevê que padrastos e madrastas tenham responsabilidades parentais. Isso em determinadas circunstâncias, em relação aos filhos do marido, mulher ou companheiro. Ainda assim, essa relação pode ser um pouco complicada. Já que, a princípio, as crianças ou adolescentes precisam lidar com o processo de divórcio dos pais. Além da divisão do núcleo familiar e passar a aceitar um novo membro. Tudo transforma totalmente a rotina em casa. "Quando os pais se separam os filhos sofrem bastante, é uma nova formulação da rotina que estavam habituados, a falta da presença constante do pai ou da mãe, o motivo pelo qual seus pais se separaram, são dúvidas frequentes e que geram sofrimento em suas vidas", esclarece a psicóloga clínica Andrea Convento. 

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Muitos não aceitam os padrastos e madrastas de primeira

É bastante comum situações onde famílias com enteados enfrentam alguns desafios durante esta mudança. A especialista explica que isso muitas vezes acontece porque, para os filhos, é difícil dar abertura a uma pessoa desconhecida. "As relações podem ser afetadas dependendo de como esse novo membro é inserido no contexto familiar, podendo até mesmo gerar ciúmes e competição entre o novo companheiro e a criança/adolescente. Por isso, é de extrema importância que a inserção do membro seja feita de maneira gradativa, gerando assim um vínculo inicial entre as pessoas da família."

Essa situação causa confusão para que o filho compreenda a adaptação como um todo, como exemplifica a psicóloga. "O grande desafio para um padrasto/madrasta ao entrar numa família já existente é não ocupar o papel de pai ou mãe, o papel de disciplinar, conquistar os filhos do parceiro de forma que entendam que está ali para somar com a família e não para competir. Lidar com os ciúmes, a falta de entendimento muitas vezes da situação pelos filhos."

A idade faz diferença?

De acordo com a psicóloga, a idade da criança faz, sim, diferença no processo de aceitação do padrasto ou madrasta dentro de casa. "As menores tendem a aceitar com mais tranquilidade, pois não têm a compreensão total do que está acontecendo. Já as mais velhas, entendem melhor o que está acontecendo ao seu redor e passam a questionar os pais", explica Andrea.

"Os pais precisam esclarecer, independentemente da idade dos filhos, que eles continuarão sendo seus pais, mesmo que a composição familiar mude", destaca.

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Diálogo, respeito e paciência

É fato que as novas configurações familiares refletem um cenário onde a criação, a liberdade individual, diversidade e autonomia dos sentimentos devem ser sempre respeitadas. E isso não é diferente para as crianças. Por isso, é primordial promover um ambiente onde os enteados se sintam valorizados e respeitados por quem são. 

"O diálogo é o grande diferencial na relação entre os membros. É importante que conversem em família, tomem decisões juntos e, claro, que os parceiros não discutam perto das crianças. Não fazer mudanças no ambiente, na rotina da casa, também proporcionam um espaço no qual as crianças continuem se sentindo ouvidas e amadas", aconselha.

Mesmo com todas as precauções, pode ser que essa aceitação demore para acontecer, então é preciso dar tempo ao tempo. "A paciência é sem dúvida o elemento fundamental para construção dessa relação, a madrasta/padrasto deve entender que ele foi escolhido pelo parceiro e não pelos filhos, que é necessário tempo para construção do vínculo afetivo e que seja aceito como novo membro da família", afirma Andrea.

"Uma comunicação ineficaz tende a levar relacionamentos ao fracasso, causando alguns impactos, como: desregulação emocional, ações e reações negativas. Tornando o convívio difícil, com conflitos, perda do controle emocional e ruptura do vínculo afetivo que está sendo construído", alerta.

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Papel dos pais 

Por fim, mas não menos importante, devemos lembrar que os pais biológicos têm papel fundamental na construção dessa relação. A psicóloga orienta que, antes de trazer um novo membro para a realidade de seus filhos, é importante que os pais comecem a prepará-los muito antes.

Apresentar aos poucos a nova pessoa, propiciar momentos agradáveis, sem impor o novo membro. "Conversar com os filhos sobre a importância dessa pessoa em sua vida, que ela não veio para tomar o lugar do pai ou mãe e sim para agregar a família. Não tomar partido em eventuais discussões, manter sempre um canal aberto para comunicação de ambos os lados. Ter paciência, pois a relação é construída aos poucos", finaliza.

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