Conheça Kric Cruz, um sobrevivente do Massacre do Carandiru

Rapper, poeta e educado escreve sua memória e resistência no cárcere no livro "Cria do Governo”

Foto: Daniel Arroyo/Ponte

Olhando para o passado, o artista Kric Cruz não imaginava o que conquistaria em 2022, aos 66 anos. Sobrevivente do cárcere e testemunha do Massacre do Carandiru, ele acaba de lançar seu primeiro livro “Cria do Governo” e de ter sua primeira carteira assinada

Foto: Daniel Arroyo/Ponte

Já na infância Kric, batizado como Cláudio Antônio da Cruz, teve que lidar com a restrição de sua liberdade diante de uma ditadura militar. “Na época da ditadura não se via crianças nas ruas porque vivíamos escondidos. Se nos viam, nos espancavam", conta

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Foi em 1979 que ele pisou pela primeira vez no Pavilhão 8 da Casa de Detenção de São Paulo, após ser preso acusado de tentativa de roubo, e viu 13 anos mais tarde uma das maiores chacinas promovidas pelo Estado

Foto: Daniel Arroyo/Ponte

O Massacre do Carandiru, ocorrido no Pavilhão 9, foi o mais traumatizante episódio que viveu nos 27 anos em que esteve no cárcere. O artista também viu a expansão do Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das principais organizações criminosas do país

Foto: Daniel Arroyo/Ponte

"Quando surgiu a facção as coisas mudaram. Não fiz o batismo, mas sempre fui respeitado dentro da cadeia porque estava sempre querendo levar cultura e educação lá pra dentro”

Foto: Daniel Arroyo/Ponte

O desejo de trabalhar com a arte e a cultura levou Kric a reivindicar esses espaços dentro dos presídios. Em 2000, como rapper e integrante do grupo Comunidade Carcerária, ele lançou o disco "O Prisioneiro da Grade de Ferro", que também inspirou um filme e uma peça

Foto: Daniel Arroyo/Ponte

Hoje o artista é casado, pai de dois filhos e educador social na Ação Social Franciscana (Sefras). Além da população carcerária, Kric agora acolhe também a população de rua que vive na Praça de Sé, no centro da capital paulista

Foto: Daniel Arroyo/Ponte

O sonho de lançar um livro foi realizado graças a uma vaquinha e a ajuda de pessoas que pudessem organizar seus escritos. "Cria do Governo" traz as memórias de Kric dentro do cárcere e as histórias de detentos diante de uma sociedade opressora e preconceituosa

Foto: Daniel Arroyo/Ponte

“Eu escrevi esse livro umas quatro vezes dentro da cadeia. A única pessoa que leu todo esse livro, ainda na prisão, foi um general do PCC. Ele gostava do que eu escrevia", explica

Foto: Daniel Arroyo/Ponte

A capa da obra também traz um registro histórico de quando ele apareceu na capa do jornal Notícias Populares. “Fiz questão, e até pagamos caro por isso, mas quis que essa imagem estivesse na capa do meu livro”

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