Sem política, Guarulhos ganha as cores da seleção

Quebrada começa a se preparar para a Copa do Catar

Foto: Daniel Arroyo/Ponte

Desde a redemocratização do Brasil, a Copa do Mundo sempre ganhava os holofotes nacionais antes das eleições, porém a mudança da data trouxe uma nova realidade: começará com um novo presidente eleito, Luis Inácio Lula da Silva (PT), após uma das campanhas mais tensas da história

Foto: Daniel Arroyo/Ponte

A disputa eleitoral impactou o cronograma de enfeites e a harmonia entre os vizinhos da rua Carlos Aberto França, no Jardim Las Vegas, periferia de Guarulhos. “Moro nessa rua há 40 anos, mas comecei a pintar a rua para a Copa em 1982, quando ainda morava no Jardim Brasil. Nessa rua eu faço isso desde a Copa de 86. Dessa vez, por conta da eleição, os vizinhos estão menos unidos, a gente está vivendo outros tempos”, conta Leandro José Florêncio

Foto:

O empobrecimento da comunidade, segundo Leandro, também tem influenciado o engajamento na festa: “Isso já vem de um tempo, por conta do desemprego e da carestia de tudo. O aumento da cesta básica, do gás, da gasolina, sufocou o pessoal, esses anos apertou bastante, aí deu uma atrasada grande nos preparativos”

Foto: Daniel Arroyo/Ponte

Leandra Florêncio é o braço direito do pai na organização dos enfeites e festejos. “A pintura da rua é uma tradição que meu pai vem tentando manter, e pretendo preservar pros meus filhos no futuro”. Para ela, esse momento é um símbolo de união dos vizinhos e traz um pouco de alívio para as recentes tensões eleitorais. “Ajuda inclusive para descaracterizar a parte política das cores, do verde e amarelo e do vermelho”

Foto: Daniel Arroyo/Ponte

ão Texto: Outro vizinho, Cleber Pereira, discorda. Para ele, a Copa não diluirá as tensões acumuladas pela política, e aponta a imprensa como a grande culpada. “A gente teve quatro anos de um governo que foi só criticado. A política bagunçou o cenário, eu voto há 16 anos e nunca vi isso, pessoas ficarem de mal, brigarem. Foi a imprensa que fez isso, foi a imprensa que atacou apenas um lado”

Foto: Daniel Arroyo/Ponte

ão Texto: O artista por trás dos contornos dos desenhos da rua é Jonathan Leme. Ele se sentiu bastante afetado pelo acirramento político, e tem esperança que o torneio possa, ao menos temporariamente, mudar o foco de atenção da comunidade. “Querendo ou não, as eleições dividiram a população, parece que estamos vivendo dois ‘Brasis’, então nesse momento fica todo mundo por um Brasil só, pelo menos por um mês”

Foto: Daniel Arroyo/Ponte

Quem acabou de chegar na vizinhança também participa. Gabriel Quesada mudou-se para a rua no meio da pandemia e está animado com as movimentações. “Antes eu morava na Vila Rio, na Favela dos Padres, lá eu ajudei a pintar e colocar as bandeirinhas na última Copa. Agora é aqui. O Leandro jogou a ideia e eu fui metendo marcha, já que gosto também”

Foto: Daniel Arroyo/Ponte

Há três quadras fica o Bar Alegria, onde os moradores costumam comprar bebidas. Katia Simone Camargo da Silva, proprietária, conta que todo ano eles pintam a rua, mas dessa vez, por conta das divergências, enfeitará apenas seu lado da calçada: ”A gente pinta as guias aqui, e os postes. Mas nesse ano deu uma atrasada na pintura por conta da eleição”

Foto: Daniel Arroyo/Ponte

Leia a reportagem completa no Visão do Corre

Foto: Daniel Arroyo/Ponte