Ônibus circulam com escolta policial no RJ para evitar sequestro e uso em barricadas

Foto: Reprodução/TV Globo

O grande número de ônibus sequestrados para uso em barricadas na Estrada do Itanhangá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, fez com que os veículos passassem a circular com escolta policial entre 23h e o início da manhã. A informação é de reportagem do portal G1.

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No mês de outubro, 24 ônibus foram tomados por bandidos nas regiões de Tijuquinha e Muzema. Somente a linha 550, com trajeto entre Cidade de Deus e Gávea, foi interceptada três vezes por criminosos. Outras linhas, como a 557, de Rio das Pedras a Copacabana, também são muito visadas.

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A violência das interceptações fez muitos motoristas de ônibus dessas linhas pedirem licença médica, dado o abalo psicológico. "Eles abordam com muita violência. Eles entram com a moto na frente do ônibus, armado. E se demorar, teve casos de motorista ser agredido, tomar coronhada porque teve dificuldade para sair do local, até por causa do nervosismo", declarou ao G1 um motorista que não quis se identificar.

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Comunidades da Região Metropolitana do Rio de Janeiro se tornam, cada vez mais, reféns de criminosos que impõem um domínio territorial.

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Nos últimos anos, milhares de denúncias têm sido feitas sobre barricadas construídas nos acessos a comunidades, impedindo o ir e vir das pessoas sem autorização de bandidos.

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E as barricadas já não se limitam mais à parte de baixo dos morros. Elas se espalham ao longo de ruas, chegando, em alguns bairros, até as ruas principais, desvalorizando os imóveis.

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As barricadas passaram a invadir bairros que antes ficavam relativamente "protegidos" desse tipo de intervenção Os obstáculos, portanto, extrapolaram os limites das favelas em diversos bairros.

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Os bandidos usam de tudo: ferro, lixo latões, entulho, móveis velhos, pneus ou mesmo ônibus.

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Em alguns locais, eles preferem abri valas, em vez de instalar obstáculos. Deixam a rua intransitável com buracos profundos de uma calçada à outra.

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Mas há casos em que, segundo a polícia, são 'obras de engenharia', muito difíceis de remover.

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Os bandidos usam vigas de aço chumbadas no concreto, com profundidade de até 1,5 metro, dificultando muito a retirada por parte dos policiais.

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Essas barricadas mais 'sofisticadas' têm até fechadura que a polícia precisa abrir usando uma ferramenta específica para destravar uma garra.

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Os obstáculos têm materiais pontiagudos para evitar que veículos tentem empurrar.

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E os pneus são colocados para que, em caso de necessidade, os bandidos ponham fogo na barricada. Essa prática tem sido comum nas comunidades.

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Em alguns pontos, bandidos também aproveitam para cobrar 'pedágio' para a passagem de moradores diante de barricadas mais simples. Se pagarem, ele remove o obstáculo para liberar a passagem.

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A Polícia Militar tem atuado cada vez mais nesse 'serviço extra', que tira o foco do patrulhamento tradicional e do combate aos criminosos para que o tempo seja usado na remoção de obstáculos.

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Há policiais que passam boa parte do tempo de serviço em retroescavadeiras removendo barricadas - algo que eles dizem que nunca esperaram ter que fazer.

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Em 2022, a Polícia Militar retirou das ruas pelo menos 716 toneladas de detritos após a derrubada de barricadas. Isso equivale a 36 caminhões abarrotados de entulho.

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Vale ressaltar que, ao ficarem parados retirando barricadas, os policiais se expõem a risco e já houve ataques de bandidos que se aproveitaram dessa situação.

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No Jardim América, no subúrbio do Rio, barricadas feitas de concreto têm até um buraco para que o bandido coloque o fuzil para tirar em policiais.

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Os tiroteios são frequentes e marcas das balas permanecem nas paredes das casas. Além de expor os agentes ao perigo e dificultarem a rotina dos moradores, as barricadas impedem a entrada de carros de serviço. Funcionários de empresas de luz, por exemplo, precisam pedir autorização para entrar.

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Até ambulâncias estão sujeitas ao aval de criminosos para prestar socorro. Já houve casos de morte em comunidades por causa da demora na negociação para o acesso.

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As ambulâncias, que ficam com as luzes e sirenes ligadas quando estão em serviço de socorro, precisam desligar tudo ao se aproximarem de uma barricada. Nem os faróis podem ficar acesos.

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As barricadas estão proliferando não apenas em favelas do Rio, mas também de municípios da Região Metropolitana.

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Em São Gonçalo, há barricadas até no Centro. Esta ficava a 1 km de distância da Prefeitura Municipal.

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