Equívocos dos retratos indígenas na literatura

No Dia da Consciência Indígena, relembre como primeiras obras enxergavam os povos originários

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José de Alencar

O político e escritor carioca fundou o romance de temática nacional no Brasil no século XIX com a trilogia indigenista: O Guarani (1857), Iracema (1865) e Ubirajara (1874).

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O Guarani

A obra fala do amor do indígena Peri por Ceci, moça de família rica. Nas entrelinhas do romance, fica nítida a vontade do autor de "pacificar" a relação entre os povos originários e os colonizadores através da submissão dos primeiros.

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Iracema

A "virgem dos lábios de mel" chega a lutar contra a própria aldeia para proteger o amado, Martin. José de Alencar romantizava a relação entre indígenas e colonizadores e não citava o histórico violento que marcou tal "encontro".

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Gonçalves Dias

Foi o grande poeta indianista da Primeira Geração Romântica de escritores brasileiros. Um de seus poemas mais famosos é "Marabá", no qual apresenta uma visão idealizada da beleza indígena e exalta o nacionalismo típico da época.

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I Juca Pirama

O poema narra o embate entre duas aldeias como se fosse observado pela ótica europeia. O personagem principal é um herói estereotipado: selvagem, puro e representante da "brasilidade" valorizada no século XIX.

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Macunaíma

Um marco por romper com a idealização, Macunaíma (1928), de Mário de Andrade, virou filme e lançava mão da figura do indígena para ironizar uma suposta "fraqueza" do povo brasileiro diante da colonização. O personagem é tido como preguiçoso e influenciável.

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As aventuras de Tibicuera

No livro de 1937 Érico Veríssimo mostra uma versão própria da História do Brasil através das peripécias de um jovem indígena capaz de vencer o tempo e a morte. O "bom selvagem" Tibicuera muda de temperamento após se converter ao cristianismo e passa a lutar contra os indígenas "bárbaros".

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Maíra

Lançado em 1976, o romance do antropólogo brasileiro Darcy Ribeiro representou um marco por, finalmente, observar e relatar a cultura indígena a partir da perspectiva de personagens de diversos povos. Na época, foi tido como um contraponto realista às obras de José de Alencar e Mário de Andrade.

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Papa-capim

Criado por Maurício de Sousa em 1960, nos primeiros anos as histórias alternavam o apelo politicamente correto e os estereótipos habituais relacionados aos indígenas. Atualmente Papa-capim não usa mais tanga e é tratado de forma mais contemporânea nos gibis.

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Hoje

Atualmente, sejam ficcionais, românticas ou infantojuvenis, as obras se destacam pelos textos de autores indígenas como Daniel Munduruku, que já conquistou o Prêmio Jabuti.

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