Presidente Altino: celeiro de craques e lugar de resistência
Bairro de Osasco de onde saíram jogadores como Ederson, Cristiane Rozeira e Rodrygo, conserva em suas ruas uma importante história de luta política
Foto: Daniel Arroyo/Ponte
Osasco, cidade na região metropolitana de São Paulo, é um celeiro de craques do passado e do presente, como o histórico atacante do Palmeiras, Edu Manga; Cristiane Rozeira, artilheira da seleção brasileira; o goleiro Ederson, do Manchester City; e o atacante Rodrygo, que saiu do Santos diretamente para o Real Madrid, da Espanha. Ederson e Rodrygo deverão estar na Copa deste ano.
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Rodrygo nasceu no bairro de Presidente Altino, lugar com uma importante história de resistência. Foi no Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco, com sede no bairro, que aconteceu uma das mais emblemáticas greves operárias durante a Ditadura, em julho de 1968. Antonio Donizete Mendes, 65, se orgulha da história de luta de seu bairro. “O Sindicato dos Metalúrgicos era nossa base de resistência na ditadura, mas hoje mudou.”
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Antonio é dono do “Boteco do Rock”, onde guarda uma bandeira com o rosto de Che Guevara assinada por sua filha, Aleida Guevara. “Conheci a Aleida numa palestra dela aqui em São Paulo. Depois fui pra Cuba e passei um tempo lá. Eu tenho uma herança de esquerda”.
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Logo em frente ao Boteco do Rock fica o Campo da Ford, um dos mais famosos campos da várzea osasquense. Além de amistosos e jogos de campeonatos locais, o campo também recebe dois projetos sociais. Um deles foi criado por Rodrygo em 2019, e chama-se Associação Rayo Sport.
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Quem gerencia o projeto, e é um dos professores, é seu tio, Roberto Luis da Silva Pereira, 46. “O Rodrygo já quebrou muita janela e entornou portões da minha casa. Mas valeu a pena. Hoje na associação temos 150 alunos, a gente fornece lanche, transporte e tem treino três vezes na semana”.
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A outra iniciativa social que acontece no local é o Projeto Tom, criado por André Luiz Baia da Silva, 42, o Tom: “Comecei o projeto há uns 15 anos. Começamos com quatro crianças, não vinha ninguém, mas a gente persistiu e hoje temos por volta de 200 alunos conosco. A gente treina duas vezes por semana. É um projeto social totalmente gratuito”.
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Primo de Rodrygo, nascido e criado em Presidente Altino, Tom atribui ao futebol uma parte central da vida familiar e comunitária. “Temos do time Fittipaldi, que é meio que o time da família e dos amigos próximos. A gente joga uns amistosos e já disputamos muitos campeonatos É um lugar muito importante pra comunidade, onde os amigos se reúnem e vêm conversar, onde acontecem os jogos e onde recebemos gente de fora”.
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Para Tom, apesar de Presidente Altino estar em desenvolvimento urbano acelerado, verticalizando-se e se tornando cada vez mais um bairro de classe média, consegue preservar sua característica acolhedora. “Aqui não é só um celeiro de craques, é um bairro do aconchego, como um coração de mãe”.
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