Rio Bonito do Iguaçu lida com devastação após tornado de 250 km/h; veja vídeo

Após o que é tido como o desastre mais devastador da história recente do Paraná, a pequena cidade começa a reconstruir

9 nov 2025 - 14h21

Dizer que o município paranaense de Rio Bonito do Iguaçu enfrenta um fim de semana difícil é pouco. No começo da noite de sexta-feira, 7, um tornado de mais de 250 km/h - apontado como o mais devastador da história recente do Estado- destruiu boa parte da cidade, deixando ao menos seis mortos, mais de 800 feridos e um rastro de destruição. E, em meio a tudo isso, os rio bonitenses buscam entender qual será seu futuro.

Publicidade
Placa no centro de Rio Bonito, atingida pelo tornado que devastou a cidade.
Placa no centro de Rio Bonito, atingida pelo tornado que devastou a cidade.
Foto: Rubens Anater/Estadão / Estadão

Segundo a Defesa Civil, cerca de quatro mil pessoas, da cidade de 13 mil habitantes, foram atingidas direta ou indiretamente pelo tornado. É praticamente toda a população urbana, que sofreu com casas destruídas ou destelhadas, ou com falta de energia elétrica, de água e de mantimentos. Ao longo do fim de semana, o sinal de celular foi praticamente inexistente.

Empresas também sofreram danos, somando ao drama da moradia um medo de futuro pelos empregos e pela própria sobrevivência financeira da cidade.

Os principais mercados de Rio Bonito foram derrubados pelo tornado, assim como várias outras empresas da cidade.
Foto: Rubens Anater/Estadão / Estadão

Tornado no Paraná gera desespero, mas também solidariedade

Ao longo do fim de semana, havia tristeza pelas perdas, incerteza pelo futuro e luto pelos que não sobreviveram. Ainda assim, em meio às ruínas de onde passou o tornado, o desespero não era o único sentimento. Também havia solidariedade.

Funcionários da prefeitura, movimentos sociais, universidades, voluntários de Rio Bonito e dos municípios do entorno, equipes de bombeiros, Defesa Civil e outros órgãos do governo trabalharam desde a noite de sexta, ao longo de todo o fim de semana, para resgatar, acolher e começar a reconstruir.

Publicidade

"Graças a Deus o povo brasileiro é muito solidário", afirma a diretora de Cultura de Rio Bonito, Daiane Oliveira, que trabalhava duro na distribuição de alimentos durante o sábado.

E também há planejamento para o futuro. Pela manhã de sábado, o governador Ratinho Júnior esteve na cidade, e à tarde, foi vez da ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. Ambos para ajudar no atendimento emergencial e para colocar à disposição o poder público para reconstruir Rio Bonito.

Ao Estadão, o prefeito Sezar Augusto Bovino (PSD) reforçou o trabalho conjunto. "Agora, junto ao governo do Estado e ao governo federal, estamos planejando as fontes de recuperação para a cidade."

Sobreviventes celebram a vida

Em poucos minutos de vento, dona Luiza Velozo, moradora de Rio Bonito, perdeu a casa em que morava com o marido, Jefferson, e a filha, Maísa. Mas ela conta que a maior alegria naquela noite de tristeza foi reencontrar os netos, que moram com a filha Fabíola dos Santos, após a tempestade.

Publicidade
Mãe e filha, Luiza e Fabíola, em frente às ruínas da casa da mãe.
Foto: Rubens Anater/Estadão / Estadão

Eduardo Henrique Zanotto, que morava com os pais, Gilmar e Lenir, a poucos metros da casa de Luiza, passou por algo muito parecido. A casa toda foi arrancada do chão, com exceção das paredes do banheiro, e o pai teve uma perna quebrada e um braço machucado. "Agora temos que ver como vai ser, como vamos seguir. Mas pelo menos estamos com vida. O importante é ficarmos unidos", disse o jovem.

Paulo Oidella, de 54 anos, também perdeu a casa na noite de sexta. Mas sua grande preocupação em meio à tempestade eram os dois filhos, Marcos, de 19, e Adriano, 16, que trabalhavam no mercado perto de onde moravam. Os três sobreviveram. Marcos passou a noite internado no hospital - machucado, mas estável -, enquanto Paulo e Adriano seguiram para um abrigo em Laranjeiras do Sul.

Adriano e Paulo Oidella, Alcides Oliveira e Eloir Camargo estão entre os habitantes de Rio Bonito acolhidos em abrigo na cidade vizinha.
Foto: Rubens Anater/Estadão / Estadão

Agora, aguardam o desenrolar dos próximos dias. "Temos que esperar, nem nossos documentos nós temos. Ficaram na casa", disse Paulo. "Mas a gente vai achar, ou então fazemos outros. O importante é que a gente está vivo."

Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações