O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, afirmou que o multilateralismo é o "caminho" para enfrentar a crise climática e que a cúpula precisa apresentar "soluções" concretas, em discurso na abertura da conferência em Belém, no Pará, nesta segunda-feira (10).
"Estamos reunidos aqui para tentar mudar as coisas. Acredito profundamente que o ser humano é essencialmente bom e fez e continua a fazer coisas extraordinárias. A ciência, a educação e a cultura são o caminho que temos de seguir. E para o combate à mudança do clima, o multilateralismo é definitivamente o caminho", declarou o diplomata após ser formalizado como presidente da primeira cúpula do clima da ONU realizada na Floresta Amazônica.
"Estamos quase lá, mas temos de fazer muito", acrescentou Corrêa do Lago, citando a "urgência" representada por recentes desastres naturais, como o tornado da semana passada no Paraná ou os tufões nas Filipinas.
"Essa é uma COP que tem que apresentar soluções, e a agenda de ações que nós estruturamos para esta COP vai mostrar muitos caminhos. Essa, portanto, é uma COP de implementação, e espero que seja lembrada também como a COP da adaptação, uma COP que vai avançar na integração do clima à economia, na criação de empregos e, mais que tudo, uma COP que vai ouvir e acreditar na ciência", acrescentou.
Esvaziada pela ausência dos Estados Unidos, cujo presidente, Donald Trump, não acredita no aquecimento global, a Cúpula de Belém discutirá temas cruciais para o futuro do planeta, como a transição energética, o financiamento climático, sobretudo para os países em desenvolvimento, e a adaptação de nações vulneráveis para uma era de mudanças no clima.
O objetivo final é trazer o planeta de volta para dentro da meta de limitar o aquecimento global neste século a 1,5ºC em relação à era pré-industrial, algo que, no cenário atual, não está no horizonte.
Países em desenvolvimento exigem a mobilização de pelo menos US$ 1,3 trilhão por ano para combater a crise climática, embora o compromisso de US$ 100 bilhões anuais fixado em 2009 nunca tenha sido alcançado. Na COP29, em Baku, Azerbaijão, o valor foi aumentado para US$ 300 bilhões, porém ainda não saiu do papel.
O Brasil também espera usar a COP30 para impulsionar o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), que busca instaurar uma lógica de "ganha-ganha" na ação climática, remunerando tanto os países que mantiverem suas florestas de pé quanto aqueles que investirem no instrumento.
Outro tema quente em pauta será a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis, principais responsáveis pelo aquecimento global, após a COP29 ter fracassado em estabelecer um cronograma claro devido à resistência de grandes produtores de petróleo, incluindo o próprio Azerbaijão.