A 'rainha do lixo' acusada do maior crime ambiental da história da Suécia

Famosa por seus sacos de lixo rosa, Bella Nilsson enfrenta um julgamento por despejo ilegal de montanhas de resíduos que liberaram níveis nocivos de substâncias tóxicas no ar, no solo e na água.

7 set 2024 - 13h54
(atualizado às 14h47)
Bella Nilsson e os outros 10 acusados negam ter cometido irregularidades.
Bella Nilsson e os outros 10 acusados negam ter cometido irregularidades.
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Uma empresária que se autodenominava "rainha do lixo" está enfrentando um julgamento na Suécia, acusada de despejar ilegalmente montanhas de resíduos, no maior caso de crime ambiental da história do país.

Bella Nilsson é uma das 11 pessoas acusadas de "crime ambiental, com agravantes".

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Nilsson - que agora se apresenta como Fariba Vancor, após ter mudado seu nome várias vezes - era a diretora-executiva da empresa de gestão de resíduos NMT Think Pink, acusada de despejar ou enterrar 200 mil toneladas de resíduos em 21 locais entre 2015 e 2020.

Os advogados de Nilsson e de outro ex-diretor-executivo (Leif-Ivan Karlsson, um empresário excêntrico que participou de um reality show sobre seu estilo de vida extravagante) afirmam que ambos negam qualquer irregularidade.

Substâncias tóxicas

De acordo com os promotores, a maneira como a empresa gerenciou mal os resíduos fez com que níveis nocivos de substâncias químicas cancerígenas, chumbo, arsênio e mercúrio fossem liberados no ar, no solo e na água.

Em um dos incidentes, uma pilha de resíduos da Think Pink abandonada perto de uma reserva natural queimou durante dois meses após entrar em combustão espontânea.

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Nilsson - que no passado ganhou prêmios por seu trabalho como diretora-executiva - disse anteriormente à mídia sueca que sua empresa agiu de acordo com a lei.

Nilsson se negou a responder perguntas de jornalistas
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Os promotores disseram que a NMT Think Pink, que declarou falência em 2020 quando Nilsson foi presa, "não tinha intenção nem capacidade para gerenciar [os resíduos] de acordo com a legislação ambiental".

A forma como o lixo foi descartado nos locais colocou em perigo a "saúde dos humanos, dos animais e das plantas", acrescentaram.

Sacos de lixo rosa

A Think Pink era contratada por construtoras, municípios e famílias que queriam se desfazer de todo tipo de materiais de construção, aparelhos eletrônicos, metais, plásticos, madeira, pneus e brinquedos.

Entre 2018 e 2020, durante o auge da empresa, os grandes sacos de lixo rosa característicos da Think Pink eram algo comum na capital da Suécia, Estocolmo.

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A companhia oferecia reciclagem e eliminação de resíduos a preços baixos.

No entanto, de acordo com a promotoria, a empresa abandonava montanhas de lixo sem separar os materiais de acordo com seu conteúdo.

Incêndio em 2021 durou meses em Botkyrka, ao sul de Estocolmo.
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Os 11 acusados negam ter cometido irregularidades. Entre eles, está o ex-marido de Bella Nilsson, Thomas Nilsson, cujo advogado afirmou que, como ele foi diretor-executivo antes de 2015, não era responsável pelos crimes.

Documentos falsos

A investigação preliminar do escândalo conta com 45 mil páginas.

O promotor Anders Gustafsson afirma que, além de despejar resíduos, os acusados utilizaram documentos falsificados para enganar as autoridades e ganhar dinheiro.

Vários municípios pediram uma indenização de US$ 25,4 milhões (R$ 140 milhões) para cobrir a limpeza das montanhas de resíduos e a descontaminação dos locais afetados.

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A prefeitura de Botkyrka, ao sul de Estocolmo, exigiu cerca de US$ 12 milhões (R$ 67 milhões) por danos e prejuízos, após ter gasto muito mais do que isso apenas para remover os resíduos.

Um incêndio na vila de Kagghamra obrigou os pais a manter seus filhos dentro de casa a quilômetros de distância devido à fumaça tóxica.

"São as próximas gerações que pagarão por este crime", disse à agência AFP a promotora Linda Schon após o primeiro dia de audiências no tribunal.

"É possível que haja vários locais que não conseguimos investigar", mas "acreditamos que 21 locais são suficientes para demonstrar que os crimes foram sistemáticos", apontou.

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