Para Pirelli, porpoising seria ainda pior com pneus de 2021

Representante da fornecedora de pneus acredita que conjuntos de 18 polegadas não influenciam no problema do porpoising

24 jun 2022 - 18h24
(atualizado às 18h36)
Mercedes é uma equipes que mais sofre com o Porpoising
Mercedes é uma equipes que mais sofre com o Porpoising
Foto: Pirelli / Twitter

Já são quatro meses desde o começo das atividades de pista da temporada 2022, e o tal do porpoising segue firme e forte na pauta da Fórmula 1. Como já foi falado à exaustão aqui no Parabólica, o problema é uma consequência do novo regulamento aerodinâmico da categoria.

Resumindo algo mais complexo em dois parágrafos curtos, o que acontece é que o assoalho dos carros é composto por alguns canais (os “túneis de Venturi”) por onde o ar passa em alta velocidade, formando zonas de baixa pressão e o “sugando” o carro para baixo, gerando aderência. Para que isso funcione, o carro precisa andar o mais baixo possível e com suspensão bastante dura para evitar grandes variações nessa distância para o solo.

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O problema acontece em altas velocidades, quando o carro abaixa tanto a ponto de interromper o fluxo de ar por baixo do carro - às vezes, chegando a bater o assoalho no chão. Essa interrupção do ar faz o carro subir até ser “sugado” novamente, criando o sobe-e-desce constante que se convencionou chamar de porpoising.

Outra novidade dos carros de 2022 está nos jogos de rodas e pneus, fornecidos pela Pirelli. Até o ano passado, a F1 usava rodas de 13 polegadas, com pneus de perfil mais alto. Esses pneus antigos, por sua característica de ter uma camada de borracha mais espessa, acabavam por absorver pequenos impactos antes de levá-los à suspensão. Para esse ano, passaram a ser usados conjuntos de 18 polegadas e perfil mais baixo, ou seja, com uma camada de borracha menor nos pneus. (Entenda como funcionam as suspensões da F1 2022 nesse artigo.)

Seria essa nova característica dos pneus um dos fatores a contribuir para o incômodo porpoising? A Pirelli, fornecedora oficial da categoria, entende que não. Mario Isola, o chefe de F1 da Pirelli, falou sobre o tema ao portal Autosport: “Não acho que seja uma questão de 13 ou 18 polegadas. O efeito está vindo dos carros”, afirmou. “Agora os carros estão mais duros e os pneus mais duros, e isso é algo que os times devem resolver. Não acho que as 18 polegadas estejam fazendo esse feito pior.”

Pirelli acredita que pneus não influenciam no porpoising
Foto: Pirelli / Twitter

Na verdade, Isola acredita que o efeito seria ainda pior caso os pneus usados ainda fossem com as dimensões anteriores: “Acho que é, provavelmente, o oposto”, falou. “Talvez com uma parede lateral maior da roda de 13 polegadas, o efeito de saltos seria ainda maior, porque teria essa parede lateral muito maior trabalhando como uma espécie de suspensão, muito mais do que no atual”.

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A FIA já se manifestou no sentido de resolver o porpoising, e o fez causando polêmica. Às vésperas do GP do Canadá, a entidade emitiu uma Diretriz Técnica solicitando às equipes a que fizessem os ajustes necessários nos carros para evitar os quiques já para a etapa canadense. A medida apressada conseguiu desagradar a praticamente todos os times, por diferentes razões, e acabou suspensa.

Mesmo assim, a discussão sobre como tratar a questão segue em curso, sendo mais provável que seja adotada alguma medida paliativa ainda esse ano e medidas mais duradouras venham no futuro, depois de uma análise mais aprofundada de causas e efeitos.

Portanto, caro leitor, acostume-se: o porpoising está na pauta do noticiário da Fórmula 1 e assim seguirá por um bom tempo...

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