Nem Sainz, muito menos Leclerc. A Ferrari acima de tudo.

O rescaldo das decisões tomadas em Silverstone dão conta que a linha "Ferrari acima de tudo" está mais viva do que nunca em Maranello

6 jul 2022 - 11h49
A Ferrari mais uma vez mostra que, antes de tudo, vem ela mesmo.
A Ferrari mais uma vez mostra que, antes de tudo, vem ela mesmo.
Foto: Twitter / Divulgação

Uma das coisas boas que a internet nos dá é o acesso a diversas fontes. Cabe a cada um saber lidar com elas. No caso da F1, nossa visão acaba sendo muito moldada pela imprensa inglesa, principal fonte de notícias sobre a categoria. Mas é interessante lançar olhos para a Itália.

Mesmo com uma visão muito apaixonada por muitas vezes e a Ferrari não gerando tanto clamor quanto tempos idos, a equipe ainda merece muita discussão por lá. E foi interessante ver o que aconteceu após a vitória de Carlos Sainz no GP da Grã-Bretanha.

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Houve grita sim sobre a estratégia da Ferrari com Leclerc. Afinal de contas, cada vez mais aparecem evidências de que haveria tempo para chamar ao box. A escolha conservadora se revelou um erro. Mas a equipe tem uma estrutura muito grande que fica não só no box, mas também na fábrica para fazer todas estas projeções.

Mas apareceu uma visão interessante e que não pode ser descartada. E que a Ferrari parece sustentar para não admitir este erro. É a política de “Ferrari acima de tudo”.

Não é algo novo. Enzo Ferrari sempre pensou assim e a levou a ferro e fogo. Ninguém estaria acima da instituição. E assim foi ao longo dos anos. Para mim, o exemplo mais firme de que esta conduta moldou o inconsciente coletivo foi a comemoração da batida de Riccardo Patrese no GP de San Marino de 83 e a festa com Patrick Tambay vencendo. Um italiano bateu e um francês ganhou em um circuito localizado na Itália. Mas a festa principal foi por ver uma Ferrari vencendo.

Mesmo com a reestruturação dos últimos anos e até com a “globalização” interna, o pensamento está no DNA. Quando Mattia Binotto assumiu o posto de chefe de equipe, sua intenção era montar um grupo de mentalidade vencedora, construindo esta estrutura em conjunto. John Elkann, atual Presidente do Conselho de Administração da Ferrari e o home forte por trás de tudo, também lançou um tempo atrás a figura do “Ferrari acima de tudo”.

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Então, dentro desta visão, não importa se é Sainz ou Leclerc vencendo. Ambos são pilotos da Ferrari e são peças dentro da estrutura. Talvez na época em que Schumacher esteve na equipe, as coisas eram diferentes. Porém, mesmo sendo um fruto do desenvolvimento ferrarista, Leclerc ainda não tem o tamanho necessário para ter o time ao seu redor, embora o queira.

Traumas vindos da Áustria 2002 e Alemanha 2010 atuam nos atos da Ferrari de não escolher tão cedo que lado deve tomar certamente aparecem neste momento. Da última vez que isso aconteceu (2019), a decisão veio na fase final do campeonato. Até porque havia a necessidade de dar um afago em Sainz, que vinha sendo tão contestado e que parece ter tido um processo de reabilitação no Canadá.

A vitória na Grã-Bretanha pode ter servido sim para ajudar a criar esta mentalidade vencedora e reforçar a filosofia do “Ferrari acima de tudo”, que parecia estar quieta. A imagem de Mattia Binotto com Charles Leclerc após a prova parece demonstrar que esta é a linha de atuação e que será levada em conta, mesmo com possíveis erros não sendo admitidos. E quem quiser se enquadrar que se vire.   

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