Os dois últimos GPs mostraram que a Mercedes não pode ser descartada. Até aqui mesmo falamos que não poderíamos deixar estes campeões de lado até o final. E o resultado veio nas pistas: Lewis Hamilton obteve duas vitórias maiúsculas e chega para Arábia Saudita e Abu Dhabi em totais condições de lutar pelo seu oitavo campeonato e a Mercedes obter mais um campeonato de construtores.
A Mercedes optou por não desenvolver mais o carro. Trouxe o último grande pacote de desenvolvimento no carro em Silverstone e focou mais trabalho no motor. A Red Bull trouxe mais peças no meio do ano e se colocou em posição de liderança. Muita gente decretou que a parada estava vencida...
Mas a força do conjunto e do método veio no momento decisivo. O time acabou por usar Bottas como “boi de piranha” para liberar mais potência no motor a combustão e achar as soluções para os problemas de vibração (estima-se cerca de mais 20 cv, pelo menos). Conseguiu fazer funcionar sua suspensão traseira de modo a combinar com o efeito aerodinâmico, fazendo a traseira rebaixar para reduzir o arrasto e ganhar mais velocidade em reta. E no campo aerodinâmico. Outra novidade: um pequeno desviador de fluxo na traseira, perto dos pneus, ajudou a trabalhar um pouco a gestão dos compostos e tirar algum desempenho quanto à carga aerodinâmica e conseguir mais um tempo nas curvas, um dos pontos fracos do W12.
A Red Bull tem tratado de questionar muito o carro, especialmente a asa traseira. Inicialmente, o foco era a suspensão traseira. Porém, desde o Brasil, o time tem procurado levar informações para a FIA verificar. Em São Paulo, se verificou que, por um erro de montagem, a asa abria 0,2mm a mais do que o permitido. Isso motivou uma punição na largada da sprint.
A discussão ainda segue e a FIA já está mudando os modos de medição das medidas do aerofólio para dirimir as dúvidas sobre flexibilidade e aberturas sejam cada vez menores. O fato é que qualquer aspecto hoje é utilizado por qualquer uma das partes para ter alguma vantagem. Tanto que a própria Red Bull teve a sua asa questionada na sexta-feira por estar oscilando demais quando do acionamento do DRS.
O que queremos é ver disputas na pista. E não podermos esquecer que a F1 é um campeonato de construtores. No fundo, a disputa é para ver quem faz o melhor carro dentro das condições especificadas em regulamento. Mesmo com capital de influência germânica, Mercedes e Red Bull estão baseadas na Inglaterra e trazem as características das duas. Neste momento, os taurinos parecem ter batido no teto e as flechas negras mostraram que o “saco de maldades” ainda tinha um pouco mais de fundo.
O viés de alta agora está com a Mercedes. A Red Bull vai tentando manter o ritmo para, no mínimo, dar o título de pilotos a Max Verstappen, o principal fruto de todo seu programa de pilotos. Arábia Saudita e Abu Dhabi prometem. A pista de Jeddah, em tese, é favorável aos atuais campeões. Mas, sempre ressaltamos, esta não é uma temporada normal...