F1 2022: Haas terá o dobro de tempo de testes da Mercedes

Para este ano, o regulamento aumentou a diferença entre as equipes em termos de desenvolvimento e pode fazer a diferença ao longo do ano

18 jan 2022 - 07h00
Mick Schumacher e Haas: as regras de testes aerodinâmicos podem ajudá-los em 2022
Mick Schumacher e Haas: as regras de testes aerodinâmicos podem ajudá-los em 2022
Foto: Haas F1

O título de Construtores de 2021 foi merecidamente ganho pela Mercedes. Graças à recuperação técnica do W12, Lewis Hamilton obteve uma grande pontuação a partir de Silverstone, quase obtendo seu oitavo título de pilotos.

Entretanto, chegou a hora de analisar um fator chave da temporada que se aproxima. Os novos carros estão em fase final de produção, enquanto o desenvolvimento – que foi feito ao longo de todo um ano – certamente não cessará com a apresentação dos carros. Pesquisa e desenvolvimento nunca param na F1. E este ano os times serão mais restritos pelos regulamentos técnicos e esportivos: o número de horas permitidas em simulações computacionais e em túnel de vento serão definidos pelos resultados obtidos em 2021.

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Tendo vencido o Campeonato de Construtores, a partir de 1º de Janeiro deste ano, a Mercedes terá 280 horas disponíveis no túnel de vento “durante o período de teste aerodinâmico” contra, por exemplo, 460 horas permitidas para a Haas, última colocada em 2021. Isso dá a chance de que a equipe americana possa gastar mais de 7 horas por dia em simulações ou testes aerodinâmicos em relação aos 4,5 da Mercedes.

Eis o quadro de tempo de tunel de vento e CFD. A Haas terá o dobro de tempo do que a Mercedes
Foto: Sergio Milani

Em 2021, graças à (péssima) colocação no campeonato de 2020, a Ferrari pode usar 102,5% do tempo de testes, contra 90% permitidos aos vencedores. Isso deu uma vantagem equivalente a mais uma sessão (um ciclo semanal de 50 horas) de desenvolvimento, o que significa um ganho de cerca de 1 décimo por volta de acordo com os engenheiros. 

De acordo com as novas mudanças feita no Regulamento Esportivo, em 2022 a Ferrari terá 10% a mais de tempo de teste se comparado à Mercedes e 5% em relação à Red Bull. Mas 5% a menos do que a McLaren. Tudo de acordo com o Campeonato de 2021. E assim fica até 30 de junho de 2022, quando nova distribuição é feita de acordo com os resultados da primeira metade do ano. Maranello atualizou a correlação do túnel de vento, aumentou a equipe de simulações e trouxe engenheiros da Mercedes e da Red Bull.

Como dito à Auto Motor und Sport, Mick Schumacher não terá oportunidade de testar o novo carro no simulador, o que pode ser uma desvantagem pelo menos no início do ano. Entretanto, o jovem alemão tem motivos para sorrir: primeiro, ele poderá usar o novo simulador da Ferrari (com programas da Haas instalados) e levar em conta que a Ferrari fornecerá vários componentes para o VF-22, incluindo a caixa de câmbio com a estrutura de impacto traseira, suspensões dianteira e traseira, sistemas hidráulicos e, claro, a nova Unidade de Potência, equipada com o sistema híbrido que os clientes Ferrari não usaram em 2021. O grupo de Simone Resta pode focar inteiramente no chassi e na aerodinâmica.

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Voltando às limitações deste ano, graças ao teto orçamentário, a Alpha Tauri começará a usar o túnel de vento da sua “irmã” Red Bull (como a Haas faz com a Ferrari), finalmente podendo utilizar modelos em escala de 60% ao invés dos 50% utilizados até o ano passado. Isto pode ajudar os técnicos de Faenza a desenvolver o AT03 mais consistentemente com variações de carga, o que foi uma falha evidente dos AT01 e AT02.

Outra a observar de perto o ritmo de desenvolvimento é a Red Bull. Os taurinos usaram muito do seu tempo de desenvolvimento de 2021 para melhorar o RB16B através da temporada. O objetivo era claro: Red Bull queria trazer o título de pilotos de volta para casa através de Max Verstappen e recebeu melhorias cruciais de sua parceira Honda, quando antecipou boa parte da sua Unidade de Potência de 2022 para 2021.

Adeus, bargeboards! As regras de 2022 terminaram com eles
Foto: Rosario Giuliana / formu1a.uno

Claro que ninguém pode subestimar o time dos energéticos, onde Adrian Newey pode sempre ter um truque escondido na manga. Sabe-se que os novos monopostos terão a aerodinâmica bem limitada pelas novas regras. Os bargeboards (os desviadores de fluxo entre as suspensões dianteiras e os radiadores) sofisticados foram embora, algo que as equipes gastaram centenas de horas de desenvolvimento no passado.

Depois de tudo, “o diabo está nos detalhes”, como disse Simone Resta um tempo atrás. Outros engenheiros tem a mesma opinião: cada hora de teste em 2022 será utilizada para aumentar a curva de desenvolvimento, que aparenta ser uma das mais altas dos ultimos anos.

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Um carro que é bom desde o inicio é sempre o fator determinante no começo de um ciclo de desenvolvimento técnico. Será crucial para as equipes começar de uma base sólida, diante do fato que os técnicos terão cada vez menos tempo disponível para desenvolver seus carros.

Você pode conferir o texto original, escrito por Giuliano Duchessa, clicando aqui.

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