A (boa) surpresa do desempenho da Alfa Romeo na F1 2022

Após uma pré-temporada discreta, a equipe suíça/italiana tem mostrado até aqui um bom desempenho nesta temporada.

27 mai 2022 - 16h51
(atualizado às 20h49)
Valtteri Bottas em Monaco: o finlandês ganhou novo fôlego na Alfa Romeo
Valtteri Bottas em Monaco: o finlandês ganhou novo fôlego na Alfa Romeo
Foto: Pirelli / Divulgação

Nesta temporada 2022 da F1 uma das boas surpresas é a Alfa Romeo. Podemos chamar de Sauber, mas como a marca italiana mantem um acordo desde 2019 para colocar seu nome na equipe, então fica Alfa Romeo mesmo (mas se por um acaso a equipe vencer uma prova, será o hino suíço que tocará na cerimônia de premiação).

Não foram poucos (este aqui incluso) que colocavam a Alfa Romeo no mesmo patamar dos anos anteriores. Se esperava que o acordo com a montadora ajudasse a colocar o time em outro nível. Mas vimos mais uma vez um padrão sendo seguido: ficando na parte de trás do pelotão, tentando usar de estratégias diferentes para chegar aos pontos.

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Cabe colocar como atenuante o fato de ser cliente Ferrari para que a equipe não tivesse um bom desempenho. O acordo com a Alfa Romeo abriu a possibilidade de que se tornassem um time B da equipe italiana (até mesmo para pagar dívidas anteriores). Até por isso Charles Leclerc e Antonio Giovinazzi tornaram-se pilotos titulares. Mas o contrato de fornecimento com a Ferrari levou a ficar amarrado a um motor que teve problemas de potência e suspensões que “comiam” os pneus.

As coisas começaram a mudar em 2021. Primeiro, a negociação para a venda da equipe para a Andretti, que acabou não se realizando por problemas de última hora. Depois, a própria continuidade da Alfa Romeo como patrocinadora. A montadora italiana teve seu papel reavaliado na fusão FCA x PSA (que criou a Stellantis) e seu posicionamento de mercado também. A nova empresa resolveu apostar mais uma vez e os italianos seguirão até 2024, com uma “reavaliação anual”. Estima-se que a marca paga US$ 30 milhões/ano.

Cabe lembrar que a Sauber ainda é quem opera o time e é controlada por um grupo de investidores trazidos por Marcus Ericsson em 2016. A estrutura passou por melhorias nos últimos anos, sendo uma das melhores da Europa. Seu túnel de vento foi utilizado pela própria F1 para o desenvolvimento do novo regulamento.

Para este ano, a Sauber optou por fazer um caminho ligeiramente diferente. Ela seguiu adquirindo motor e suspensões da Ferrari. Mas resolveu fazer a caixa de câmbio em sua fábrica, mantendo as partes internas de Maranello, tendo alguns ganhos aerodinamicos. Ao perceber que as atenções da Ferrari iriam para a Haas, a equipe técnica comandada por Jan Monchaux optou por adotar um caminho cautelosamente ousado e fez o C42 ser o carro mais leve do grid.

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O C42 teve pouco tempo de treino em Barcelona por problemas técnicos. Especialmente no trem traseiro justamente pela vibração gerada pelas batidas no carro no piso. No Bahrein, Bottas, que veio para ser o comandante desta nova fase, mostrou que o carro tinha potencial, embora ainda quebrando muito. O novo motor Ferrari ajudou a aproveitar este ritmo.

Quando foi para valer, A Alfa mostrou seu valor. Até mesmo o estreante Guanyu Zhou mostrou que o carro tinha valor pontuando na primeira prova. Bottas conseguiu chegar em 6º. Foi uma surpresa para o que a equipe tinha apresentado. E o finlandês tem se mostrado cada vez mais à vontade no papel de líder.

O C42 tem mostrado um ritmo consistente que lhe permite pensar em ser “melhor do resto”, pelo menos com Bottas. Por exemplo: em Miami, o finlandês controlou Hamilton com tranquilidade. E fez uma ótima prova na Espanha. O que tem de tratar um pouco mais é a gestão de pneus, que acabou sendo ruim em Barcelona.

Mas sabendo como são as coisas, a dúvida que surge é: a equipe vai conseguir manter o ritmo? Olhando para trás, a Sauber tem histórico de começar bem e não conseguir desenvolver ao longo do ano, principalmente por questões econômicas. Embora Frederic Vasseur, chefe de equipe, tenha dito que o time está tranquilo em relação ao seu orçamento. E nos últimos tempos, se reportou uma possível conversa da Audi em comprar a estrutura para poder usar em sua entrada em 2026. Caso isso se concretize, seria a terceira montadora alemã a ter relação com os suíços: começou com a Mercedes e depois houve a aquisição pela BMW.

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Vamos ver se a Alfa Romeo / Sauber consegue este ano dar o salto que é esperado todo ano. O nome daquela escola de samba carioca se adequaria perfeitamente aos suíços: Pro ano sai melhor.

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