A Alpine quer acertar e muda mais uma vez. Mas adianta?

Os franceses fazem mais uma reestruturação em seu time em busca de sucesso. Mas será este o caminho?

18 jan 2022 - 08h00
Ocon e Alonso andaram juntos boa parte do ano, o que permitiu o 5º lugar final à Alpine
Ocon e Alonso andaram juntos boa parte do ano, o que permitiu o 5º lugar final à Alpine
Foto: Alpine F1

Desde quando voltou para a F1 em 2016, a Renault repete um conceito quase como um mantra: nosso objetivo é vencer no futuro. Mas tal qual um certo país sul-americano, este futuro nunca chega...

Neste início de ano, a “cadeira quente” rodou mais uma vez com a saída de Marcyn Budkowski, que respondia pela chefia da equipe, e Alain Prost, que tinha um papel de “consultor” no time. Davide Brivio, que veio da Suzuki no ano passado ainda se encontra na estrutura, mas muitas vozes dão a sua saída como uma questão de tempo. Aliás, o tetracampeão postou em suas redes sociais um texto muito decepcionado com a forma que as coisas foram anunciadas…

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De certa forma, a rotação de pessoas no time acaba por ser um reflexo das mudanças acontecidas na Renault nos últimos anos. Se colocarmos com lupa, notamos que foram 5 CEOS em 3 anos. Isso também impactou na Renault Sport, que teve vários comandantes.

O CEO que levou a Renault de volta a F1, Carlos Ghosn, não era um grande entusiasta da categoria, embora reconhecesse a história da montadora e o alcance da propaganda. Mas, desde o início, não foi dado a loucuras. Tanto que conseguiu de Bernie Ecclestone o reconhecimento de time histórico para receber mais premiação e abriu o cofre com parcimônia. Este aliás foi o motivo principal da saída do primeiro comandante do time, Frederic Vasseur (hoje na Alfa): ele dizia que o investimento teria que ser alto, enquanto Cyril Abiteboul dizia que não. Vasseur saiu e Abiteboul ficou.

Estabilidade é algo importante e até que a Renault teve por algum tempo. Abiteboul assumiu o comando e iniciou um processo de reestruturação, investindo principalmente na modernização da fábrica de Enstone e contratando gente. O caminho foi correto, mas não deu os resultados esperados.

Não se pode negar que não se tentou fazer dar certo. Inclusive a vinda de Daniel Ricciardo e a volta de Fernando Alonso. Até mesmo a troca de comando técnico foi feita. Mas os dias de vitória não vieram novamente. Para 2021, mais mudanças: dentro da mudança do grupo Renault, todas as atividades esportivas foram agrupadas sob a marca Alpine e o time também assumiu esta identidade, juntamente com a mudança do comando, com a saída de Abiteboul, chegada de Brivio e a promoção de Budkowski.

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A Alpine tem pressa de vitórias agora. Mas mudar implica em um período de adaptação e ação. Se fala na vinda de Otmar Szafnauer para assumir o comando (coisa que se falou em setembro e houve uma forte negativa de todas as partes) e em momento em que um regulamento técnico tem uma forte mexida, é mais coisa para se consolidar...

Ok, estabilidade é importante? Demais. A Ferrari resolveu seguir esta linha e aposta que este ano tenha resultado a manutenção de cabeças. Porém, mais do que manter é ver a competência de quem está nos postos chave. Por isso, muita gente questionava a permanência de Abiteboul à frente, já que não havia mostrado grandes resultados nas ações em que foi responsável.

Mudar neste momento em que várias variáveis são incertas acaba sendo um movimento arriscado. Mas Luca Di Meo, CEO da Renault, já mostrou que gosta de jogadas ousadas e espera que esta dê resultados neste momento em que todos partem do mesmo ponto. É a volta da esperança francesa.

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