Por que os Volkswagen ID.3 e ID.4 são bons para o Brasil

Dois modelos elétricos, ID.3 e ID.4, são as atrações da Volkswagen para seu futuro no Brasil; saiba como eles andam

7 dez 2021 - 19h23
(atualizado em 8/12/2021 às 08h08)

Finalmente a Volkswagen liberou seus dois modelos elétricos - ID.3 e ID.4 - para um rápido test drive no Brasil. Foi mesmo uma pequena volta, durante a qual pudemos sentir o rodar do carro e alguns aspectos de seu interior. A primeira impressão - que está longe de ser uma avaliação - foi muito boa. Os dois modelos elétricos, que estão no país para uma “sondagem de mercado”, têm tudo para fazer sucesso.

Volkswagen ID.3 e ID.4
Volkswagen ID.3 e ID.4
Foto: Pedro Dhantas / VW / Divulgação

Comecemos pelo ID.4. Ele é um carro do porte do SUV Taos: tem 4,584 m de comprimento, 1,852 m de largura, 1,640 m de altura e 2,771 m de distância entre eixos. O ID.4 First Edition se destaca pelo espaço interno e pelo alcance de 522 km. Isso porque ele conta com a bateria mais potente da linha Volkswagen: 77 kWh. A primeira barreira, portanto, ele tem capacidade de quebrar - rodar mais de 500 km.

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A potência também é boa: 150 kW. Isso equivale a 204 cv. Com um torque de 310 Nm (quase igual ao de uma picape média), o Volkswagen ID.4 é capaz de proporcionar boas acelerações (0 a 100 km/h em 8,5 segundos) e ótimas retomadas de velocidade, pois o torque é instantâneo. A velocidade máxima é limitada em 160 km/h.

Volkswagen ID.3 e ID.4
Foto: Pedro Dhantas / VW / Divulgação

O ID.4 tem um rodar razoavelmente suave. O melhor do carro é o minimalismo dos instrumentos. O quadro de instrumentos digital, por exemplo, traz apenas a velocidade digital (um número bem grande ao centro) e uma indicação se o carro está em Drive, Parking, Neutro ou Ré. Abaixo, a carga da bateria e a autonomia disponível. À esquerda fica o quadro que mostra a distância do carro à frente quando o ACC (piloto automático adaptativo) está ligado. À direita, o diagrama do câmbio (D, B, P, N e R). Não há opção de  configuração - e isso é bom.

O carro não precisa de botão de partida para ligar. Basta sentar no banco e pisar no freio. Para movimentar, é preciso girar uma peça que fica atrás do volante, no alto, e faz o papel do que conhecemos como alavanca de câmbio. O carro elétrico só tem uma marcha para frente. Tudo é muito intuitivo. A multimídia é grande e segue o padrão Volkswagen. 

O volante de direção é ótimo, assim como a posição de dirigir e a ergonomia. Os bancos são perfeitos. O espaço a bordo é bastante generoso, pois o motor elétrico ocupa menos espaço do que o motor a combustão. No Volkswagen ID.4, o motor fica na traseira, escondido embaixo do porta-malas, que também é enorme (543 litros). A tração também é traseira.

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Isso lembra alguns modelos clássicos da Volkswagen, como a perua Variant e o cupê TL, ambos dos anos 70. Mas, no ID.4, o motor não fica acessível e jogando ruído e calor para o habitáculo. A bateria fica no assoalho do carro, pois o projeto já nasceu elétrico. É bem possível que seja um bom carro em curvas - ainda não sabemos. Os pneus são largos e baixos (255/40) e enormes (R21). O freio traseiro é a tambor, mas a suspensão traseira é independente.

Volkswagen ID.3 e ID.4
Foto: Pedro Dhantas / VW / Divulgação

O Volkswagen ID.4 será o primeiro modelo importado pela Volkswagen, quando a marca decidir avançar com este projeto. Há grandes chances de importação também do ID.4 GTX, que tem um um motor dianteiro e um traseiro, com tração nas quatro rodas.

Já o ID.3 tem menos chance de ser importado. Isso porque ele é menor - um carro do porte do Golf - e não é um “utilitário esportivo”. Porém, por usar o mesmo motor de 150 kW e 310 Nm e ser 329 kg mais leve, ele é mais gostoso de guiar. O ID.3 é um carro mais dinâmico e poderia fazer frente a alguns modelos famosos do segmento, como Nissan Leaf, Chevrolet Bolt e Renault Zoe. Sua aceleração é bem mais rápida: 7,3 segundos para ir de 0 a 100 km/h.

Com 4,261 m de comprimento, 1,809 m de largura, 1,568 m de altura e 2,770 m de entre-eixos, o ID.3 surpreende pelos balanços curtíssimos - isso permitiu um entre-eixos 7 cm superior ao do Toyota Corolla, por exemplo. E o porta-malas é bom: 385 litros. As rodas do ID.3 são um pouco menores do que as do ID.4, mas ainda assim são grandes (R20) e com pneus um pouco mais modestos (215/45). A receita mecânica é a mesma: tração traseira, freios traseiros a tambor e suspensão traseira independente.

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Os carros são bonitos. A Volkswagen não é de arrancar suspiros na passarela de design dos carros, mas a dupla ID.3 e ID.4 certamente não vai fazer feio nas ruas. A grande diferença do ID.3 exposto no Jockey Club de São Paulo é a bateria de menor capacidade: 58 kWh. Com ela, o ID.3 é capaz de rodar 426 km com uma carga. A Volkswagen tem ainda uma bateria menor, de 45 kWh, que oferece um alcance de 330 km.

Volkswagen ID.3 e ID.4
Foto: Pedro Dhantas / VW / Divulgação

Esses carros seriam bons para o Brasil? Sim, seriam. Claro que não teriam grande volume de venda, devido ao preço ainda exorbitante de todos os carros elétricos. Mas, com essa dupla, a Volkswagen poderia fincar o pé no segmento dos elétricos com duas apostas de qualidade. Como uma das líderes mundiais na eletrificação, a Volkswagen precisa manter no Brasil um cordão umbilical com a revolução automotiva que ocorre na Alemanha - ainda que, para o Brasil, a prioridade seja fazer volume de vendas com carros híbridos flex (o primeiro pode ser um Nivus).

Como imagem para a marca, a dupla ID.3 e ID.4 seria perfeita. Executivos da Volkswagen ainda são pouco claros com relação ao ID.3 (mas não perca seu dinheiro apostando que ele vem). Já com relação ao ID.4, é só uma questão de tempo. Enquanto vai mostrando ao país sua estratégia para o futuro eletrificado, a Volkswagen do Brasil também trabalha com a Raizen (leia-se Shell) para a ampliação da rede de infraestrutura para carregamento dos carros elétricos na estrada.

Ainda em 2022 a Volkswagen deve lançar na Europa o ID.Buzz, que é a versão elétrica e moderna da Kombi. Esse carro tem sucesso garantido nos Estados Unidos e sem dúvida também terá vendas no Brasil, se for importado um dia. Tudo começa, entretanto, com o ID.3,  o ID.4 e o ID.4 GTX (que ainda não deu as caras por aqui). A mesma estratégia está sendo feita na Argentina, com os mesmos carros.

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