Anfavea critica “Custo Brasil” e vê risco para indústria

Montadoras querem ser mais competitivas para aumentar produção de carros. Vendas tiveram leve crescimento em agosto, mas futuro é incerto

4 set 2020 - 14h13
Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea: indústria caiu no abismo e não sabe como será a subida ao nível normal.
Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea: indústria caiu no abismo e não sabe como será a subida ao nível normal.
Foto: Sergio Quintanilha / Reprodução / YouTube

O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, voltou a criticar o “Custo Brasil” como fator que emperra a competitividade da indústria automobilística. Durante a coletiva mensal da entidade que representa os fabricantes de automóveis, realizada de forma virtual, Moraes disse que “os riscos são altos” para a indústria de carros, devido à ociosidade das fábricas no mundo inteiro. Nesse cenário de crise mundial, segundo Moraes, as matrizes serão mais exigentes quanto ao retorno de seus investimentos.

O Brasil tem uma indústria automobilística moderna e capaz de produzir veículos competitivos no mercado internacional, enquanto produtos. Porém, devido à falta de incentivo nas exportações, os fabricantes ficam extremamente dependentes do mercado interno. Luiz Carlos Moraes lembrou que a Anfavea não pede incentivos na forma de taxas ou impostos, mas sim na forma de reformas fiscais, desburocratização dos negócios e investimentos em infra-estrutura. 

Publicidade
Fiat Strada Cabine Dupla e a força do agronegócio: 2º lugar no ranking geral de vendas em agosto.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

Em agosto, o Brasil emplacou um total de 165.524 autoveículos, contra 155.692 em julho. O crescimento foi de 6,3%. Quanto aos veículos leves, foram 131.766 automóveis de passeio (+6,3%) e 24.542 comerciais leves (+16,6%). A recuperação do setor de comerciais leves tem sido bem mais rápida e tem a ver com o maior interesse em picapes. Moraes acredita que essas vendas estejam estimuladas por três fatores positivos para o agronegócio: volume aumentando, preço em dólar e câmbio favorável. “Isso está gerando renda e as pessoas desse setor estão consumindo mais”, comentou.

A Anfavea também identifica um crescimento de veículos comerciais que atendem ao comércio eletrônico, como vans e furgões. Trata-se de um reflexo do isolamento social provocado pela pandemia de coronavírus. Já o mercado de caminhões licenciou 7.719 unidades (-15,3%) e o de ônibus emplacou 1.497 unidades (-1,7%). Entretanto, os caminhões semileves e leves cresceram em agosto (+28,6% e +6,0%, respectivamente). Durante a live, Luiz Carlos Moraes exibiu uma ilustração na qual um executivo despenca num abismo em março, mas tem dúvidas sobre como será a recuperação. 

Citroën Jumpy Vitré: novidade no setor de furgões com o crescimento do comércio eletrônico.
Foto: PSA / Divulgação

No acumulado do ano, o setor de veículos leves (carros de passeio + comerciais) registra 972.528 licenciamentos (-32,6% em relação ao volume de 1.523.565 unidades no acumulado de janeiro a agosto de 2019). O que mais preocupa a Anfavea são as exportações (-41,3% em oito meses). Reflexo da pandemia dentro e fora do Brasil, a produção também despencou (-44,8%). “É como se perdêssemos três meses de vendas internas e quase quatro meses de produção”, analisa Luiz Carlos Moraes.

“Se antes da pandemia nós já alertávamos para a falta de competitividade do nosso país, agora a situação é ainda mais urgente”, alerta. “O mercado global de veículos deve encolher de 91 milhões de unidades em 2019 para menos de 75 milhões em 2020, gerando uma ociosidade inédita na indústria global.” Para o presidente da Anfavea, “só atacando as causas do Custo Brasil é que teremos condições de evitar um encolhimento do setor automotivo brasileiro”. Na próxima coletiva, no início de outubro, a Anfavea vai apresentar uma nova projeção de vendas para o setor.

Publicidade
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se